As Jornadas de Junho de 2013 registraram, para além do amplo descontentamento da população com serviços públicos e as tarifas de transporte público, mortes, feridos e indignação entre os que perderam seus entes.
Segundo a ONG Artigo 19, pelo menos 837 pessoas ficaram feridas nas manifestações daquele mês pelo Brasil, sendo 117 delas jornalistas que cobriam os acontecimentos. Outras 2.608 pessoas foram detidas pelas polícias militares, incluindo dez profissionais da imprensa.
Não há um número oficial de quantas pessoas morreram durante aquele mês nos atos contra o valor das passagens. Reportagem da Folha à época citou ao menos 16 pessoas que tinham perdido a vida em meio às manifestações, marcadas por repressão policial, bloqueio de vias e depredação de estruturas públicas.
Relembre algumas das vítimas:
Atropelamento
Em Teresina, capital piauiense, o estudante Paulo Patrick Silva de Castro, de 14 anos, morreu após ser atropelado em ato de 26 de junho. Ele foi atingido quando a manifestação interditava uma ponte e tinha início um confronto com a tropa de choque da PM do Piauí. Um táxi o atingiu para passar ao outro lado da pista.
Um ano depois, em entrevista ao G1, a mãe de Paulo Patrick reclamou da morosidade da investigação, e afirmou ter mudado de casa devido à dificuldade de manter a rotina como antes após a morte do filho.
Furo a bloqueio
Marcos Delefrate, de 18 anos, foi atropelado durante protesto em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) em 20 de junho, dia dos maiores atos em todo o país. Um empresário foi cercado pelos manifestantes e furou o bloqueio, atropelando quatro pessoas, incluindo o então aluno secundarista.
O enterro reuniu cerca de mil pessoas, entre familiares e amigos inconformados, além de integrantes de movimentos que participavam do ato com o estudante. A escola onde ele estava matriculado saiu pelas ruas da cidade em ato de solidariedade. A mãe de Delefrate afirmou, à época, não acreditar em quaisquer mudanças políticas do país.
Bomba de gás
No Rio de Janeiro, o ator Fernando da Silva Candido, 34, morreu em decorrência de problemas respiratórios após ser atingido por spray de pimenta e gás lacrimogêneo durante manifestação também em 20 de junho.
Ele era um dos fundadores do Cinema de Guerrilha da Baixada Fluminense, que une cineastas e atores de São João do Meriti para produzir filmes e oferecer oficinas aos jovens periféricos.
Pedra
Outro caso ocorreu em Pelotas (RS), com o caminhoneiro Renato Kranlow, 44, que morreu ao furar um bloqueio durante um protesto e ser atingido por uma pedra que atravessou o para-brisa e acertou seu pescoço.
O irmão da vítima, Ermani Kranlow, afirmou não ver problemas em manifestações de qualquer natureza, "só não concordo com esse tipo de atitude de violência". Renato deixou a esposa e uma filha de 14 anos à época.
Parada cardíaca
Em Belém, capital paraense, a gari Cleonice Vieira de Moraes, 54, morreu após a explosão de uma bomba de gás lacrimogêneo em um ato na cidade. Ela era hipertensa e, segundo o Hospital Pronto Socorro do Guamá, sofreu cinco paradas cardíacas ao ser socorrida.
Adriano Moraes, um dos filhos de Cleonice, afirmou que a mãe não devia estar no local trabalhando.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.