Descrição de chapéu Governo Lula

Pimenta nega influência do governo em ação da PF contra aliados de Lira

Ministro também disse que Lula vai entrar na articulação política apenas como 'instância de recurso'

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Brasília

O ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) descartou nesta sexta-feira (2) qualquer hipótese de envolvimento do governo na operação da Polícia Federal contra aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Pimenta afirmou que a Polícia Federal apenas cumpre determinações do Poder Judiciário e que não possui nenhum tipo de influência sobre as decisões daquela esfera.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta - Gabriela Biló-18 jan.23/Folhapress

Na quinta-feira (1º), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

O caso teve origem em reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados de Lira.

Durante as buscas, em um endereço em Maceió ligado a um policial civil investigado, a PF encontrou ao menos R$ 4,4 milhões em um cofre superlotado com dinheiro vivo.

No mesmo dia, Lira conversou com o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para saber mais detalhes sobre a operação. Segundo relatos, Lira queria saber a circunstância da ação e se havia relação com os acontecimentos políticos.

Aliados de Lira apontam que a operação foi uma retaliação do governo federal, após os embates recentes em torno da discussão da medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios. Apesar de aprovada pelas duas Casas legislativas, houve muitos obstáculos na Câmara, com críticas abertas do próprio Lira ao governo e à articulação política.

Pimenta descartou qualquer tipo de relação entre os dois fatos, argumentando que a PF apenas cumpriu a decisão da Justiça.

"Com relação ao episódio de ontem [quinta], o importante é que fique claro que é um tema que está no âmbito do Poder Judiciário, que a Polícia Federal, na realidade, é só o braço que executa a determinação do Poder Judiciário, que efetivamente não existe qualquer possibilidade de controle, acompanhamento ou influência do poder Executivo num assunto que não diz respeito a essa esfera", afirmou o ministro, em entrevista à GloboNews.

A medida provisória foi aprovada após a entrada de Lula na articulação política, negociando com o próprio Lira e com importantes líderes da Câmara dos Deputados, como Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

Pimenta buscou prestigiar o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela negociação e alvo de duras críticas, inclusive de aliados, e disse que Lula será apenas uma "instância de recurso" na articulação política.

O chefe da Secom também disse que a base aliada é "plural e que vive contradições" e que o governo tem interesse em aumentá-la, para garantir a estabilidade política. No entanto, acrescentou que não se trata de apenas fazer um convite para bancadas de centro, como o PP.

"Não é questão de convidar. É estabelecer um diálogo e, na medida em que enxergarmos essa identidade, é algo que interessa ao governo".

Pimenta também disse que o nome do advogado Cristiano Zanin, indicado por Lula para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, deve ser aprovado com certa facilidade no Senado. O ministro também defendeu o nome apresentado pelo mandatário e afirmou que não há impedimentos ou constrangimentos, por se tratar de um amigo pessoal do presidente.

"Eu acho que a proximidade política, o fato de ele ter sido advogado do presidente Lula não pode ser algo impeditivo para que um profissional com as qualidades, com a trajetória, com o espírito público, com a formação jurídica e intelectual do doutor Cristiano pudesse ser indicado", afirmou.

Pimenta aproveitou para criticar o atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR), lembrando que ele foi advogado no âmbito da Operação Lava Jato, proferiu a decisão que impediu a disputa de Lula nas eleições de 2018 e depois assumiu a vaga de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL).

Especificamente em sua área, Pimenta rebateu críticas de aliados de que a Secom não está sendo eficiente na comunicação do governo e disse que não se deve esperar "lacração" do ministério, em particular com ataques a aliados.

AGRESSÃO A JORNALISTAS

Pimenta afirmou que houve falta de preparo e treinamento por parte dos agentes de segurança que agrediram jornalistas durante entrevista com o ditador Nicolás Maduro, no Palácio do Itamaraty.

O ministro disse que os agentes que atuavam naquele momento eram do Batalhão do Exército e que haviam sido requisitados pelo Ministério das Relações Exteriores.

"Eu conversei com o [ministro do Gabinete de Segurança Institucional] general Amaro e ele me disse que parte daqueles jovens que estavam lá trabalhando era de jovens do batalhão do Exército que o Itamaraty pediu que fossem trabalhar no apoio. E eu percebi que não houve, talvez, inclusive, um treinamento, preparação", afirmou Pimenta.

O chefe da Secom acrescentou que pretende criar um ambiente para juntar agentes de segurança e jornalistas "não só para demonstrar nosso apreço pela imprensa", mas para que eles passem a enxergar jornalistas como alguém que cumpre "papel fundamental para a democracia".

Assessores palacianos afirmam que já foi identificado o agente que deu o soco no peito da repórter da TV Globo Delis Ortiz.

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