Descrição de chapéu Folhajus STF TSE

Valdemar diz que Judiciário exagera contra Bolsonaro e pode sofrer efeito bumerangue

Presidente do PL classifica decisões judiciais contra ex-presidente como 'brincadeiras' que 'passaram dos limites' e afirma que haverá troco

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Brasília

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou não estar preocupado com a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mas disse que o Judiciário está extrapolando nas investigações contra o ex-presidente e que haverá troco.

"Isso é efeito bumerangue, é o que vai acontecer com quem está exagerando. Isso vai se voltar contra o Poder Judiciário", disse Valdemar à Folha.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, durante entrevista à Folha em sua sala, na sede do PL em Brasília. - Pedro Ladeira/Folhapress

Sem citar nomes de ministros, o presidente do PL classificou decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido por Alexandre de Moraes, de "brincadeiras" que "passaram dos limites".

"O que o Judiciário fez com ele não tem como ficar bem. Só uma pessoa que é cega que não enxerga.
Passaram dos limites essas brincadeiras. Dar multa de R$ 22,9 milhões. Essas brincadeiras... Marcar a data do julgamento no dia 22. Isso vai ter troco porque é a vida", afirma.

A data a que Valdemar se refere, cujo número é o mesmo do PL (22), é a do início do julgamento do TSE que tornou Bolsonaro inelegível.

A multa citada foi aplicada em novembro por Moraes ao PL na ação em que o partido visava invalidar votos depositados em parte das urnas no segundo turno das eleições. Moraes condenou a coligação de Bolsonaro ao pagamento de multa no valor de R$ 22.991.544,60 por litigância de má-fé.

"O negócio das joias é um exagero, porque era um presente pessoal. Eu não tenho dúvida. Igual a todos os presidentes que passaram, é que ninguém nunca mexeu com o assunto. Eles querem matar o Bolsonaro."

Valdemar afirma que o ex-presidente errou na comunicação da pandemia do coronavírus e "pagou caro", perdendo a eleição.

O presidente do PL diz que não está preocupado com a delação de Cid porque, para ele, Bolsonaro é honesto. Afirma ter certeza de que não vão achar rastros de uso indevido de dinheiro público e que Bolsonaro também não tem preocupação com a colaboração.

Valdemar voltou a dizer que, em sua avaliação, o ex-presidente será um grande cabo eleitoral nas eleições municipais do ano que vem, mesmo com todos os problemas enfrentados na Justiça.

Em entrevista à Folha em julho, ele já havia afirmado que Bolsonaro é perseguido pelo TSE e insinuado que Moraes, presidente da corte, provoca os apoiadores do ex-presidente com suas decisões.

"Aí vão julgar o Bolsonaro, tem tantos dias para escolher do mês, ele escolhe o dia 22 [número do PL]. Isso, o cara do PL, da direita, que fez isso com ele [hostilidade a Moraes] lá na Itália, acompanha. Esse é o problema. Não somos nós que fazemos campanha contra ele. Ele [o apoiador de Bolsonaro] vê um negócio desse e não se conforma."

Apesar de Valdemar negar ter preocupação com a colaboração premiada de Mauro Cid, pessoas próximas a Bolsonaro afirmam que o acordo tem potencial para comprometer a imagem do ex-presidente.

Temem também eventuais implicações contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e se preocupam com o teor das revelações que podem ser apresentadas pelo ex-ajudante de ordens presidencial.

A colaboração foi fechada no âmbito do inquérito das milícias digitais, que é a principal apuração contra Bolsonaro no STF e mira os ataques às instituições, a tentativa de golpe e o caso das joias, entre outros pontos.

Nas declarações públicas, no entanto, a palavra-chave, segundo interlocutores de Bolsonaro, será tranquilidade. A ideia é dizer que Bolsonaro está sereno e manter a tese de que há um vácuo legal sobre presentes recebidos por mandatários.

Mauro Cid foi preso em 3 de maio por suspeita de adulterar o seu cartão de vacinação, o de Bolsonaro, o de sua esposa, Gabriela Cid, e de uma de suas filhas.

Cid deixou na tarde de sábado (9) a unidade militar no DF onde estava preso, após firmar o acordo, mas passará a usar tornozeleira eletrônica.

Cid tinha acesso a praticamente todas as informações da vida do ex-mandatário e pode apresentar novos detalhes sobre os casos das joias, da inserção de dados falsos de vacinação e da campanha de desinformação contra as urnas eletrônicas liderada pelo antigo chefe do Executivo.

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