Ato do 8/1 na Paulista reúne partidos de esquerda e pede prisão de Bolsonaro

Manifestantes cobraram punição de envolvidos no ataque de 2023 e criticaram Tarcísio e Nunes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O primeiro ano dos ataques de 8 de janeiro de 2023 foi relembrado por movimentos sociais e partidos de esquerda em manifestação na avenida Paulista nesta segunda-feira (8). Outras capitais também tiveram atos de rua na data para exaltar a democracia e pedir punição para golpistas.

As mobilizações foram convocadas por organizações populares, centrais sindicais e segmentos ligados a siglas como PT, PSOL, PC do B e UP. O presidente Lula (PT), que promoveu nesta tarde em Brasília um evento de tom institucional sobre a data, incentivou a realização de atividades em outras cidades.

Manifestantes em ato de aniversário de um ano dos ataques de 8 de janeiro na avenida Paulista, em São Paulo
Manifestantes em ato de aniversário de um ano dos ataques de 8 de janeiro na avenida Paulista, em São Paulo - Wagner Vilas/Agencia Enquadrar/Agência O Globo

O público na Paulista, que começou a se reunir às 17h, ocupou parte do vão-livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e da pista em frente no sentido Consolação. Não houve estimativa oficial de público; a organização falou em 6.000 pessoas. Acompanhado pela Polícia Militar, o grupo saiu por volta das 19h30 em caminhada até a praça do Ciclista.

"Democracia" e "sem anistia" foram as expressões mais vistas e ouvidas nos cartazes e falas no caminhão de som, em meio a críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), descrito por oradores como mentor do ataque de um ano antes. Discursos no local também tiveram elogios a Lula e ataques a adversários.

As marchas, com o mote "O Brasil se une em defesa da democracia", foram puxadas pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, que reúnem entidades como MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CMP (Central de Movimentos Populares), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e UNE (União Nacional dos Estudantes).

Além de críticas a Bolsonaro e aos apoiadores dele que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes insatisfeitos com o resultado das eleições, as concentrações foram marcadas por falas e cartazes em defesa das instituições e contra perdão para os envolvidos no levante.

Segundo a CMP, a segunda-feira teve atos programados em 14 cidades, incluindo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Campo Grande. Em Brasília, os movimentos fizeram ato alusivo ao 8 de janeiro neste domingo (7), para não coincidir com a solenidade no Congresso no dia seguinte.

O ato na Paulista teve a presença do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, apoiado por Lula, e líder do MTST. Boulos lembrou a luta de militantes na ditadura militar (1964-1985) pela democracia e disse ser preciso aprofundá-la.

"O maior líder do golpe está solto. Nós queremos ver Jair Bolsonaro na cadeia", disse Boulos, acrescentando que não se trata de vingança ou ressentimento, mas de justiça. "Não vamos aceitar nenhum tipo de anistia para os golpistas", completou.

Adversário do psolista na corrida municipal, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi citado negativamente por outros oradores, assim como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), cuja ligação com Bolsonaro foi recordada. Além disso, a privatização da Sabesp apareceu como queixa recorrente.

O deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) fala a manifestantes na avenida Paulista, em São Paulo, durante ato de aniversário de um ano dos ataques de 8 de janeiro
O deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) fala a manifestantes na avenida Paulista, em São Paulo, durante ato de aniversário de um ano dos ataques de 8 de janeiro - Eduardo Knapp/Folhapress

Alvo de críticas e solidariedade nos últimos dias, o padre Júlio Lancellotti também foi reverenciado. Apesar de ser esperado no ato, ele não compareceu. Boulos disse que a proposta de uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) na Câmara Municipal mirando o religioso é "uma tentativa de desmoralização do padre e dos movimentos sociais".

Padre Júlio, que faz um trabalho de ajuda à população de rua na capital paulista, também recebeu a solidariedade de outros líderes sociais em suas falas. Participantes fizeram um desagravo ao sacerdote, apontando o que consideram perseguição e desvio de foco.

A investigação contra ele na Câmara, no entanto, perdeu força com a retirada de assinaturas de vereadores em apoio à sua criação, após a repercussão negativa.

Também estiveram na Paulista os deputados estaduais Paulo Fiorilo e Simão Pedro, ambos do PT, e Ediane Maria (PSOL), e os federais Ivan Valente e Erika Hilton, ambos do PSOL, além dos vereadores Luna Zarattini (PT) e Celso Giannazi (PSOL).

No início do ato, participantes rezaram um pai-nosso. Uma bandeira do Brasil gigante foi estendida em meio às flâmulas de partidos, sindicatos e movimentos sociais. "Cadeia neles", gritou Erika do alto do carro de som, após pregar contra "golpistas e fascistas".

"Derrotamos Bolsonaro, mas ainda não derrotamos a extrema direita, o bolsonarismo, o radicalismo", disse Fiorilo, puxando um coro de "sem anistia". Manifestantes também pediam "golpistas na cadeia", inclusive Bolsonaro, chamado de genocida e ditador, entre outros termos.

Valente afirmou aos presentes que é preciso união para evitar novo perdão aos militares, em alusão ao golpe de 1964. Reivindicando punição para aqueles que apoiaram a conspiração golpista, o psolista disse que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, "não pode continuar passando pano para militar golpista".

"A democracia resiste. Viva a resistência do povo brasileiro", discursou Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP, pré-candidato a vereador da capital pelo PT e um dos organizadores da manifestação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.