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Nunes é recebido com confusão entre claque e sindicato ligado ao PT; veja vídeo

Prefeito é candidato à reeleição e tem como principal opositor Guilherme Boulos (PSOL), que tem apoio de Lula

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi recebido na zona leste paulistana, nesta quinta-feira (14), com uma confusão entre sua claque de apoiadores e representantes do Sindsep, sindicato de servidores municipais.

Ao lado da primeira-dama Regina Carnovale Nunes, o prefeito visitou as tendas de atendimento a dengue na UPA Tito Lopes, em São Miguel Paulista, que estava lotada de pacientes.

Os sindicalistas, que eram professores da rede municipal, erguiam cartazes pedindo reajuste salarial e dizendo que Nunes abandonou São Paulo. O Sindsep é ligado à CUT, que apoia o PT. Nunes é candidato à reeleição e tem como seu principal opositor o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que tem apoio do presidente Lula e do PT.

A claque de Nunes abafou o protesto com gritos de apoio. Integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) cercaram os sindicalistas, que tiveram seus cartazes amassados pelos apoiadores do prefeito.

Um deles chamou o grupo de "pão com mortadela" e disse que eles não tinham cara de trabalhadores ou de professores. Em meio aos seus apoiadores, Nunes não interagiu com os manifestantes.

Os professores municipais protestam por reajuste de salário, e a categoria está em greve. Representante do sindicato presente no protesto na UPA, a professora Luana Bife, 39, diz que o confronto é normal em tempos de eleição e polarização.

"Podem nos chamar de pão com mortadela, mas nossa reivindicação é concreta, é por condições de trabalho", disse. Questionada sobre sua preferência de candidato na eleição, ela evitou falar um nome, mas defendeu que seja do que chama de campo progressista.

Questionado sobre o protesto, Nunes minimizou o episódio. "Tinha mil pessoas apoiando nosso trabalho. Não cheguei a contar quantas pessoas tinham fazendo o protesto, me parece que seis. Bastante né?"

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) visita as obras de urbanismo social no Jardim Lapenna, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) visita as obras de urbanismo social no Jardim Lapenna, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

"Se vai ter alguma situação de mistura [entre as reivindicações e a campanha eleitoral] com relação aos sindicatos, pode ser que sim, espero que não. A população já sofreu muito num caso concreto, que foi o sindicato dos metroviários, que foi cooptado pelo PSOL", completou.

Nunes afirmou que, desde 2021, investiu R$ 5 bilhões no funcionalismo e que o ajuste oferecido agora repõe a inflação e leva em conta a responsabilidade fiscal. Ele lembrou ainda que aumentou o piso dos professores e disse que a greve atinge cerca de 3,4% das escolas municipais.

Nesta quinta, como parte do programa Prefeitura Presente, que visita uma região da cidade em cada quinta-feira, Nunes teve uma série de compromissos na zona leste, como vistoria em obras e anúncios de um novo Sesc e um hospital veterinário.

O prefeito almoçou em um restaurante com empresários e comerciantes locais, para quem fez um pequeno discurso em que criticou o adversário Boulos. Ele chamou o psolista de "pessoa agressiva" e "despreparada".

Caminhando pela região, Nunes recebeu declarações de apoio, mas também cobranças diversas sobre IPTU, falta de água e atraso em obras.

Já na noite de quinta, o prefeito se reuniu com líderes religiosos, a maioria evangélicos, no CEU São Miguel Paulista. Nunes disse buscar uma "administração cristã", que seria, segundo ele explicou, "uma administração que olha para quem mais precisa".

De mãos dadas com os religiosos, Nunes, que é católico, participou de uma oração e ouviu palavras de incentivo.

Ainda durante o giro pela zona leste, Nunes foi questionado pela imprensa sobre o uso do Theatro Municipal para a entrega do título de cidadã paulistana a Michelle Bolsonaro (PL). O prefeito defendeu a medida.

O espaço foi cedido pela prefeitura para a realização do evento, que está previsto para ocorrer no próximo dia 25. O decreto legislativo que dá a honraria a Michelle foi aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo em novembro do ano passado.

Normalmente, essas cerimônias ocorrem na própria Casa. A justificativa dada é que o espaço legislativo não comportaria o número de convidados. O Theatro Municipal tem capacidade para 1.523 pessoas.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, parlamentares do PSOL acionaram a Justiça e o Ministério Público Eleitoral de São Paulo para barrar a cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama.

Segundo o prefeito, "não é salutar para a democracia" que a homenagem seja alvo de questionamento somente por se tratar da mulher de Jair Bolsonaro (PL) —que já declarou apoio a Nunes na corrida eleitoral.

Nunes afirmou que o Theatro Municipal já foi usado para uma série de eventos.

"A democracia, ela é ampla, a democracia é para todos. [...] Foi a Casa do Povo que aprovou a homenagem. [...] Por que estão tendo esse questionamento? Não é porque ela cometeu algo de errado, porque ela não merece o título. Estão fazendo isso porque ela é esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Gente, vamos criar juízo. Que democracia é essa? Democracia da hipocrisia?", questionou.

Boulos e Nunes lideram tecnicamente empatados a pesquisa Datafolha divulgada nesta semana sobre a corrida eleitoral de 2024 para a Prefeitura de São Paulo.

Com a polarização nacional consolidada no pleito municipal, Boulos marca 30% e Nunes tem 29% —estão isolados do segundo pelotão de pré-candidatos. O psolista tem Lula como seu cabo eleitoral, enquanto o prefeito conta com o apoio de Bolsonaro.

Tabata Amaral (PSB) marca 8%, seguida de Marina Helena (Novo) com 7%, Kim Kataguiri (União Brasil) com 4% e Altino (PSTU) com 2%.

Outros 14% declaram voto em branco ou nulo, enquanto 6% não sabem em quem votar. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

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