Descrição de chapéu mercado de trabalho

Gerações X, Y e Z: como ter diversidade de idade ajuda no trabalho

Newsletter FolhaCarreiras explica como a intergeracionalidade pode ser um trunfo profissional e dá dicas de como lidar com conflitos

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São Paulo

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É comum pensarmos em pessoas de diferentes raças, gêneros, orientações sexuais, regiões, classes sociais e por aí vai quando falamos sobre diversidade no trabalho.

E diferentes idades?

  • A intergeracionalidade, ou seja, quando gerações diferentes ocupam um mesmo espaço, tem virado um pilar de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).
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Baby-boomers (nascidos entre 1946 e 1964), Geração X (1965 e 1980), Geração Y ou Millennials (1981 e 1996) e Geração Z (1997 e 2010) são as que estão presentes no mercado de trabalho hoje. - JackF/Adobe Stock

Sim, mas… Ainda que sejam parte fundamental do mercado de trabalho, profissionais seniores têm tido dificuldade para ser contratados. É o que aponta uma pesquisa feita em outubro pela Robert Half, em parceria com a startup Labora.

  • Nos últimos dois anos, profissionais 50+ representaram apenas 5% das contratações em mais de 70% das empresas consultadas;
  • Nas grandes empresas, mais de 50% não adotam qualquer iniciativa de conscientização relacionada à diversidade geracional.

Para Débora Ribeiro, especialista em diversidade e gerente de parcerias estratégicas na Robert Half, esse é um assunto da ordem do dia.

  • "No Brasil, muitos só conseguem ter acesso ao ensino superior ou fazer uma transição de carreira depois de atingir uma certa idade", afirma.

Quais são as gerações no mercado de trabalho hoje? Baby-boomers (nascidos entre 1946 e 1964), X (1965 e 1980), Y ou Millennials (1981 e 1996) e Z (1997 e 2010).

Por que a intergeracionalidade é importante?

  • Vivências, bagagens e histórias de vida diferentes que levam à pluralidade de ideias;
  • Os mais velhos têm mais experiências no mercado de trabalho e identificam problemas comuns com mais facilidade;
  • Os mais novos, nativos digitais, têm mais familiaridade com tecnologias de ponta e são mais antenados às mídias sociais;
  • Para a empresa, implica em maior atração e retenção de talentos.

"Os mais velhos têm a experiência do passado. Os mais novos, a vivência do presente. A empresa ganha quando aposta na complementaridade", explica Daniela Diniz, especialista em mercado de trabalho e diretora da GPTW (Great Place To Work).

Essa é a teoria... O problema é que, na prática, muitas empresas (e os próprios colaboradores) se valem de estereótipos geracionais para tomar decisões.

"É isso que faz com que empresas deixem de contratar pessoas que estão ‘fora do padrão’, como profissionais seniores em startups ou recém-formados em empresas de grande porte", afirma Débora Ribeiro. Também afeta promoções e designação de projetos específicos.

Que estereótipos geracionais seriam esses?

  • A crença de que jovens não passam credibilidade, são preguiçosos e não querem trabalhar, por exemplo.
  • Mais velhos não são capazes de se atualizar às novas tecnologias e têm uma visão ultrapassada de como a sociedade funciona hoje.

E eles não aparecem só no processo de recrutamento e seleção. Dentro da própria empresa, é comum que colaboradores de diferentes idades se antagonizem com base nesses estereótipos.

→ Exemplo: "Um líder é baby-boomer e toda a equipe é da geração Z. Enquanto o chefe não leva a sério o que é dito pelos jovens, eles podem considerá-lo um ‘dinossauro’ e desrespeitar as decisões", diz Diniz.

A partir daí, o primeiro a ser golpeado é o clima organizacional.

"Quando as pessoas não estão dispostas a mudar de ideia sobre um colega de trabalho, a equipe não entra em sintonia. Elas começam a formar panelinhas, fomentar rivalidades, deixar o processo de aprendizado de lado…" afirma Ribeiro.

  • Isso ainda atrapalha trabalhos em equipe e aumenta as chances de saída de profissionais.

Depois, quem leva o baque é a própria empresa. A desarmonia entre colaboradores pode reduzir o potencial de criação e inovação em um mercado cada vez mais competitivo. Ou seja, pode prejudicar a firma financeiramente.

Além disso, o boca-a-boca de uma experiência negativa, ou a visão de uma equipe formada por pessoas de um único perfil, pode afastar talentos de eventualmente tentarem uma vaga por lá.

O que dá para fazer para reduzir o conflito geracional?

Pelos colaboradores:

  • Mente aberta ao diferente. "Nós precisamos aprender a escutar, refletir e a dar razão para o outro quando ele de fato tem razão", diz Ribeiro.
  • Investir no autoconhecimento. Se pergunte: por que aquela atitude em específico do seu colega mais novo ou mais velho te incomoda tanto?
  • Respeito e convivência amistosa. Se a opinião de alguém é diferente da sua, existem motivos para isso. Que tal convidar seu colega de uma geração diferente para um almoço e passar a conhecê-lo melhor?

Pela empresa:

  • Educação de funcionários sobre estereótipos geracionais;
  • Criar canais de comunicação diversos para que todas as gerações recebam informações da melhor forma possível para elas;
  • Mentoria bilateral para estimular o relacionamento, trocas e aprendizados entre colaboradores de áreas e idades diferentes;
  • Programas de atração de talentos seniores.

Minha Experiência

O dia a dia de quem vive entre duas gerações diferentes

André Yamane, 29, advogado em um escritório "boutique"
André Yamane, 29, advogado em um escritório "boutique" - Arquivo pessoal

Millennial, André é o ponto de contato entre duas gerações diferentes no escritório de advocacia em que trabalha: enquanto os chefes são da Geração X, os estagiários são da Z.

O que você percebe sobre as diferenças na cultura de trabalho entre gerações?
Existe uma divisão bem clara, por exemplo, entre princípios e o modo de encarar o trabalho. Os mais velhos estranham quando os mais novos ficam relutantes em fazer muitas horas extras ou em trabalhar nos finais de semana. As gerações antigas têm muito aquela coisa do "na minha época, eu era feito de gato e sapato na empresa", e hoje sabemos que esse não é um comportamento saudável no ambiente de trabalho.

Como as diferenças entre gerações, para além da cultura, aparecem no dia a dia?
Nos assuntos, nas piadas e, principalmente, no linguajar da internet. Esses dias, uma moça mais jovem usou a expressão "coringar" e poucos entenderam o que significava. Para quem não sabe, vem do vilão Coringa, da DC Comics, e quer dizer enlouquecer, perder a cabeça, ficar maluco. Mas até ela explicar, muita gente nem associou ao filme e não pegou a referência.

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