IA ameaça mais quem trabalha em bancos e big techs, indica estudo

Relatório aponta que 60 a 80% dos empregados nestes setores podem ser atingidos pelo uso da inteligência artificial

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Steve Lohr
Nova York | The New York Times

Uma nova geração da inteligência artificial está pronta para derrubar totalmente antigas suposições sobre a tecnologia.

Por anos, as pessoas que trabalham em armazéns ou restaurantes de fast food se preocuparam que a automação poderia eliminar seus empregos. Mas novas pesquisas sugerem que a IA generativa —o tipo usado em chatbots como o ChatGPT da OpenAI— terá seu maior impacto em trabalhadores de escritório com empregos bem remunerados em setores como bancos e tecnologia.

Arte mostra um computador com um homem saindo da tela. Ele segura pastas de arquivo
Empregados em bancos ou em empresas de tecnologia são os mais ameaçados pela inteligência artificial, aponta estudo - Adobe Stock

Um relatório publicado nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Burning Glass, um centro de pesquisa sem fins lucrativos, e a SHRM, anteriormente conhecido como Society for Human Resource Management, não vai tão longe a ponto de dizer que a tecnologia eliminará um grande número de empregos.

Mas deixa claro que os trabalhadores precisam se preparar melhor para um futuro em que a IA possa desempenhar um papel significativo em muitos locais de trabalho que, até agora, não foram tão impactados pelo avanço tecnológico.

Para as pessoas na área de tecnologia, isso significa que elas podem estar construindo os seus substitutos com os avanços da IA.

"Não há dúvida de que os trabalhadores mais impactados serão aqueles com diplomas universitários, e essas são as pessoas que sempre pensaram que estavam seguras", disse Matt Sigelman, presidente do Burning Glass Institute.

Para centenas de empresas, os pesquisadores estimaram a parcela dos gastos com folha de pagamento destinada a trabalhadores empregados nas 200 ocupações mais propensas a serem afetadas pela IA generativa. Muitos desses empregos são ocupados por universitários ricos, incluindo analistas de negócios, gerentes de marketing, desenvolvedores de software, administradores de banco de dados, gerentes de projeto e advogados.

Empresas do setor financeiro —incluindo Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Morgan Stanley— são algumas das que detêm maiores porcentagens de suas folhas de pagamento que provavelmente serão afetadas pela IA generativa, seguidas por gigantes da tecnologia como Google, Microsoft e Meta.

Fazer com que a IA execute trabalhos humanos pode resultar em grandes economias para essas empresas. A pesquisa estima que bancos e algumas empresas de tecnologia gastam de 60% a 80% de suas folhas de pagamento, ou mais, em trabalhadores com ocupações mais propensas a serem impactadas pela nova tecnologia.

As indústrias de varejo, restaurantes e transporte são as menos propensas a serem afetadas pela IA generativa, de acordo com o relatório.

Empresas como o supermercado Walmart, a rede de fast food McDonald's e a companhia aérea Delta Airlines empregam principalmente trabalhadores sem diploma universitário que desempenham funções como ajudar os clientes, abastecer prateleiras, cozinhar alimentos e lidar com bagagens.

Eles gastam menos de 20% de suas folhas de pagamento em funcionários em ocupações mais propensas a serem atingidas pela IA generativa.

O relatório não prevê a quantidade de vagas relacionadas à IA generativa que podem ser cortadas. Isso ficará a cargo dos empregadores, disse o relatório, e se eles desejam economizar com a automação de IA ou usar esse dinheiro para investir e crescer, contratando mais trabalhadores.

A maioria dos especialistas espera que a IA principalmente mude os empregos nos próximos anos em vez de eliminá-los —embora isso possa mudar se a tecnologia melhorar significativamente.

O relatório destaca a necessidade de um aumento no treinamento para preparar os trabalhadores para se adaptarem a uma tecnologia que está chegando rapidamente, disse o CEO da SHRM, Johnny C. Taylor Jr. "As empresas e os governos terão que investir seriamente para se anteciparem a isso", disse.

Outros estudos que abordaram o tema previram um aumento no crescimento econômico e na produtividade, automatizando atividades que equivalem a milhões de empregos e economizando até 50% do tempo em tarefas de escritório e programação rotineiras.

Em sua pesquisa, o Instituto Burning Glass começou fazendo estimativas do quanto cada ocupação seria impactada pela IA generativa. O artigo foi publicado no ano passado e teve ampla divulgação. Em seguida, adicionou seus próprios conjuntos de dados —incluindo anúncios de emprego, informações de folha de pagamento, estatísticas governamentais e divulgações corporativas— para os cálculos realizados empresa por empresa.

O relatório da SHRM incluiu uma classificação de empresas selecionadas. O Instituto Burning Glass fez as estimativas percentuais dos gastos com folha de pagamento por empresa a pedido do The New York Times.

Manav Raj, coautor do artigo acadêmico no qual o Instituto Burning Glass se baseou, disse que a nova pesquisa parece ser um esforço crível para analisar dados sob o ponto de vista da empresa. Mas, nessa fase, ele disse que todos os estudos são suposições.

"Muitos artigos geralmente concluem que essa onda de IA tem o potencial de ter um efeito muito grande", disse Raj, professor assistente de gestão na Wharton School da Universidade da Pensilvânia. "Mas vai levar algum tempo para descobrir como esse efeito realmente será", concluiu.

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