Cânions e picos abrem um corredor de descobertas de norte a sul do país

Formações raras exigem condicionamento físico, bom planejamento e acompanhamento de guia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo (SP)

Com picos que sobem quase três quilômetros acima do nível do mar e cânions que chegam a 700 m de altura, o Brasil é um paraíso para quem quer explorar essas formações de diferentes paisagens, cores e belezas.

No sétimo capítulo da série de reportagens sobre cem lugares imperdíveis para conhecer no Brasil, a Folha elenca picos e cânions —dos mais acessíveis aos mais desafiadores— que convidam a uma aventura pela natureza. Veja a seguir.

Monte Roraima (RR)

Vista aérea do lado venezuelano do Monte Roraima, a 2.875 metros de altitude
Vista aérea do lado venezuelano do Monte Roraima, a 2.743 metros de altitude - Juan / Adobe Stock

No extremo norte do país, na tríplice fronteira com a Venezuela e a Guiana, este gigantesco platô de 55 km² a 2.734 m de altitude é a maior montanha plana do mundo. A subida acontece pelo lado venezuelano, onde uma "rampa" de 4km de extensão ajuda a vencer os cerca de mil metros entre a base e o topo do monte. A empreitada começa na aldeia de Paraitepuy, a 105 km de Pacaraima (RR), dura seis dias (ida e volta) e permite observar desde trilhas cheias de bromélias até formações rochosas singulares com cavernas e piscinas naturais.
Pacaraima fica a 213 km de Boa Vista, via BR-174

Pico da Neblina (AM)

Dentro do território yanomami, Pico da Neblina é o ponto mais alto do território brasileiro, a quase 3 km de altitude; expedições de turismo, que duram mais de uma semana, foram retomadas em 2022
Dentro do território yanomami, Pico da Neblina é o ponto mais alto do território brasileiro, a quase 3 km de altitude; expedições de turismo, que duram mais de uma semana, foram retomadas em 2022 - Divulgação

O pico mais alto do Brasil fica quase 3 km acima do nível do mar, na fronteira do Amazonas com a Venezuela. Chegar até lá não é nada simples: partindo de São Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro, seis horas de pura lama na BR-307 e outras seis horas de voadeira (um tipo de lancha) levam à aldeia yanomami de onde partem as expedições, que duram oito dias na mata fechada e, muitas vezes, alagada. A aventura exige um excelente preparo físico e beira os R$ 30 mil, mas os poucos que chegam até o topo relatam um êxtase que eles não veem a hora de reviver.
São Gabriel da Cachoeira fica a 850 km de Manaus e recebe voos diretos da capital amazonense

Morro do Segredo (TO)

Morro do Segredo, em Lajeado, a cerca de 60 km de Palmas, no Tocantins; trilha até o cume é relativamente curta e oferece uma linda vista do Rio Tocantins
Morro do Segredo, em Lajeado, a cerca de 60 km de Palmas, no Tocantins; trilha até o cume é relativamente curta e oferece uma linda vista do Rio Tocantins - Carina Furlanetto / Adobe Stock

Deste pico de 250 metros de altura na cidade de Lajeado vê-se uma das vistas mais bonitas do Rio Tocantins. A trilha até o cume é relativamente curta (4 km), mas ir e voltar leva de três a quatro horas e requer a contratação de guia. De lá, o nascer e o pôr do sol são espetaculares, mas quem vai na madrugada enfrenta temperaturas bem mais amenas.
Lajeado fica a 60 km de Palmas

Morro do Pai Inácio (BA)

Vista aérea da chapada Diamantina, na Bahia, com o morro do Pai Inácio à direita
Vista aérea da chapada Diamantina, na Bahia, com o morro do Pai Inácio à direita - Adriana Souza Silva

O clássico cartão-postal da Chapada Diamantina, com o pôr do sol iluminando as falésias do Vale do Capão, geralmente é clicado do alto deste morro, uma dos mais procuradas da região. A trilha é íngreme, mas curta: são apenas 2 km, percorridos sem guia em pouco mais de 30 minutos.
A entrada da trilha fica a 25km de Barreiras e a 27km de Lençóis, via BR-242; ingressos na portaria por R$12

Cânion das Bandeirinhas (MG)

Cânion das Bandeirinhas, localizado dentro do parque nacional da Serra do Cipó (MG), a apenas 100 km da capital Belo Horizonte
Cânion das Bandeirinhas, localizado dentro do parque nacional da Serra do Cipó (MG), a apenas 100 km da capital Belo Horizonte - Divulgação

O Parque Nacional Serra do Cipó, a apenas 100 km de Belo Horizonte, já foi chamado por Burle Marx de "jardim do Brasil". A topografia acidentada e as muitas nascentes formam rios que, ao encontrar cânions como o das Bandeirinhas, formam lindas piscinas naturais e cachoeiras. Uma estradinha de terra de 12 km liga a entrada do parque a este cânion, em um trajeto que pode ser percorrido a pé, de bicicleta e até a cavalo.
A entrada do parque fica no km 94 da rodovia MG-10



Pico da Bandeira (MG e ES)

Pico da Bandeira, um dos mais altos do Brasil e a principal atração do Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo
Pico da Bandeira, um dos mais altos do Brasil e a principal atração do Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo - Wikimedia Commons

A terceira montanha mais alta do Brasil, a 2.892 de altitude, fica no Parque Nacional do Caparaó, entre Minas Gerais e Espírito Santo. Mesmo íngreme e com o ar já rarefeito, as trilhas até o alto do pico têm de 4 km a 7 km dependendo do ponto de acesso. É possível fazer um bate e volta de um único dia ou acampar no parque mediante agendamento no site do ICMBio. A visita é mais agradável de abril a outubro, quando quase não chove, mas as temperaturas quase negativas demandam roupas adequadas.
O parque é acessível por Alto Caparaó, a 320 km de Belo Horizonte, ou por Dores do Rio Preto, a 250 km de Vitória

Pedra da Gávea (RJ)

Vista aérea da Pedra da Gávea, com a Pedra Bonita mais abaixo; conjunto faz parte do Parque Nacional da Tijuca e oferece uma das vistas mais deslumbrantes do Rio de Janeiro
Vista aérea da Pedra da Gávea, com a Pedra Bonita mais abaixo; conjunto faz parte do Parque Nacional da Tijuca e oferece uma das vistas mais deslumbrantes do Rio de Janeiro - Cavan / Adobe Stock

O Corcovado e o Pão de Açúcar podem até ser os picos mais emblemáticos da paisagem carioca, mas vê-los do alto da Pedra da Gávea, a 844 metros acima do nível do mar —logo ali embaixo —, está entre as experiências mais deslumbrantes do Rio de Janeiro. A trilha até lá tem cerca de 3 km, mas é bastante íngreme, inclusive com trechos que demandam condicionamento físico e bastante atenção, como a temida escalada da Carrasqueira, um paredão de mais de 30 metros de altura.
A entrada da trilha fica na estrada Sorimã, 936, no bairro do Itanhangá

Pedra do Baú (SP)

Vista da Pedra do Baú a partir do Morro do Bauzinho, que faz parte do Complexo da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo
Vista da Pedra do Baú a partir do Morro do Bauzinho, que faz parte do Complexo da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo - Avener Prado/Folhapress

Dos diversos picos da Serra da Mantiqueira, entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, essa formação, a 1.195 metros de altitude, está entre as mais acessíveis —pelo menos para contemplação. Escalá-la requer agendamento de visita, contratação de guia e utilização de equipamentos apropriados. Mas a partir dos morros Bauzinho e Ana Chata, que compõem o Monumento Natural da Pedra do Baú, é possível avistar toda a grandiosidade da estrela do trio enfrentando trilhas mais leves, de 1,5 a 4 km de extensão.
Acesso pela estrada do Baúzinho, a 22 km do centro de São Bento do Sapucaí

Cânion do Funil (SC)

Vista do cânion do funil a partir do seu mirante, a 6 km do centro de Bom Jardim da Serra, na Serra Catarinense
Vista do cânion do funil a partir do seu mirante, a 6 km do centro de Bom Jardim da Serra, na Serra Catarinense - Jair / Adobe Stock

Um desfiladeiro de cerca de 300 metros de altura separa o mirante do famoso "funil invertido", que alcança os 1.590 metros de altitude, formando uma paisagem de ares cinematográficos. Por estar em uma propriedade particular, a autorização de acesso à trilha custa R$ 60 por pessoa, mas a boa notícia é que é possível chegar de carro quase até o mirante, percorrendo a pé apenas o último quilômetro do caminho.
Acesso pela SC-390, 6 km a sudeste de Bom Jardim da Serra

Cânions Verdes (SC e RS)

Trilha do rio do Boi, que percorre um trecho da parte interna do cânion Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Trilha do rio do Boi, que percorre um trecho da parte interna do cânion Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul - Divulgação

Desde 2021, os parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foram privatizados e aglutinados sob a alcunha Cânions Verdes. É lá que estão alguns dos mais belos cânions do país, que já foram até cenário de novelas, como o Itaimbezinho, o maior do país, e o Cânion Fortaleza. Como as três áreas de visitação ficam distantes uma da outra, o salgado ingresso (R$ 94) permite até três acessos aos parques em um período de sete dias.
O acesso aos Cânions Verdes se dá por Cambará do Sul (RS), a 200 km de Porto Alegre, e Praia Grande, a 130 km do aeroporto de Jaguaruna

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto indicava que os parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral foram privatizados. Eles foram concedidos para a iniciativa privada por 30 anos. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.