Hillary pede que Bush boicote a abertura dos Jogos Olímpicos
A pré-candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton pediu nesta segunda-feira ao presidente George W. Bush que boicote a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim diante da ausência de mudanças importantes por parte do governo chinês em relação aos confrontos no Sudão e no Tibete.
"A esta altura e em vista dos recentes acontecimentos, acho que o presidente Bush não deva assistir a cerimônia de abertura em Pequim, na ausência de mudanças importantes do governo chinês" afirmou Hillary.
Na última quarta-feira (2) o também pré-candidato democrata Barack Obama se declarou "dividido" sobre a possibilidade de boicotar a Olimpíada de Pequim em sinal de protesto contra os conflitos.
"Por um lado, considero que os acontecimentos no Tibete e o apoio da China ao governo sudanês em Darfur são problemas reais", afirmou Obama em declarações à rede de televisão CBS. "Por outro lado, reluto em transformar os Jogos num cenário de manifestação política, porque o principal objetivo da Olimpíada é reunir as pessoas", completou o senador de Illinois.
Esta declaração foi feita no dia seguinte à entrega ao Congresso de um projeto de lei para impedir que o presidente George W. Bush assista à cerimônia de abertura da Olimpíada.
Conflitos
As manifestações tibetanas começaram no dia 10 de março em Lhasa, por ocasião do 49º aniversário do exílio do dalai-lama e do levante do Tibete contra o poder chinês.
Segundo as autoridades chinesas, 18 civis e dois policiais foram mortos durante as três semanas de protestos. No entanto, o governo tibetano no exílio afirma que a repressão chinesa provocou entre 135 e 140 mortos, mais de 1.000 feridos e centenas de detenções.
No Sudão, o conflito é motivado por questões étnicas que dividem as tribos nômades de origem africana, religião muçulmana e língua árabe e os povos não-árabes da região.
O governo chinês é acusado de dar apoio diplomático à liderança sudanesa árabe e ajudar a impedir o envio de forças de paz internacionais para sufocar o conflito da região. Os chineses também são os maiores compradores de petróleo e os principais fornecedores de armas para o Sudão.
Tocha Olímpica
O tradicional revezamento internacional da tocha olímpica tem causado protestos pró-Tibete por cidades de todo o mundo.
Nesta segunda-feira (7), o revezamento foi interrompido em Paris, na França, a 200 metros da torre Eiffel. Desde sua saída, por volta das 7h30 (horário de Brasília), os condutores da chama se viram rodeados de pessoas com bandeiras do Tibete.
Segundo os organizadores do revezamento, a tocha avançava de forma mais lenta do que o previsto por causa do grande número de manifestantes que bloqueavam o percurso, por isso tomaram a decisão de colocá-la em um ônibus. Cerca de 3.000 policiais faziam a segurança do evento.
Após a saída da tocha, uma bandeira preta de aproximadamente quatro metros com os anéis olímpicos em forma de algemas foi pendurada no primeiro andar da torre Eiffel.
No domingo (6), em Londres, cidade-sede da Olimpíada de 2012, o revezamento da tocha também foi tumultuado. Um manifestante tentou roubá-la de uma apresentadora de TV, enquanto outros dois usaram um extintor para tentar apagar a chama. A polícia inglesa efetuaram 37 prisões.
Na cidade grega Olímpia, onde iniciou a cerimônia da tocha no último dia 24, um ativista foi detido após levantar uma bandeira tibetana.
Um comunicado conjunto de várias organizações tibetanas acusa o governo chinês de "usar os Jogos e o revezamento mundial da tocha para encobrir suas atuações contra os direitos humanos e legitimar seu poder no Tibete".
Os ativistas afirmam que um de seus líderes,Tenzin Dorjee, um tibetano-americano, foi detido junto a um jornalista grego e "arrastado à força pelas ruas da cidade por pelo menos 20 agentes da polícia".
Dorjee havia comparecido horas antes ao hotel do presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, para expressar sua preocupação com a situação no Tibete.
"É inaceitável que Rogge tenha se negado a sentar e conversar sobre a forma pela qual o COI poderia contribuir para melhorar a situação no Tibete", assinala o comunicado.
A nota critica ainda o fato de o COI ter se negado a mudar a rota da tocha, apesar das solicitações de mais de 150 organizações.
Com France Presse
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