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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Os coronéis derrubam os clubes

No Brasil, times de futebol dizem não ter donos, mas têm. E fazem muito mal

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Durante duas décadas o Corinthians teve apenas dois presidentes: Vicente Matheus, simpático, humilde, folclórico e autoritário, e Wadi Helu, carrancudo, arrogante, perigoso e autoritário.

Não é de hoje que padece com Andrés Sanchez, o que não iria se reeleger e, é claro, se reelegeu.

O São Paulo começou sua crise no terceiro e irregular mandato seguido de Juvenal Juvêncio, um caudilho como poucos, talvez o último deles.

O Palmeiras conheceu o inferno sob Mustafá Contursi e agora tem uma dona disfarçada de patrocinadora, cujas debilidades começam a convencer até os incautos.

O Santos viveu sob Athiê Jorge Cury por 26 anos, mas teve a sorte de, no 11º ano, aparecer Pelé, responsável por tornar os outros 15 uma moleza.

Assim tem sido no futebol brasileiro.

O Vasco da Gama padece de Eurico Miranda até hoje e provavelmente padecerá ainda por algum tempo.

O repórter Rodrigo Araújo, do Grupo Globo, observa que o Flamengo, "apesar de já ter tido ladrões e incompetentes, nunca teve um dono". É verdade.

O Cruzeiro tem. Tem, aliás, no DNA, uma vocação para ser comandado por famiglias.

Deve, é fato, seu crescimento a Felicio Brandi, que o presidiu por nada menos que 22 anos, entre 1961 e 1982.

Depois, entre 1985 e 1994, virou propriedade dos Masci, os irmãos Benito, Salvador e César, presidentes do clube.

Mas o grande assalto ainda estava por vir e veio nos irmãos Perrela, Zezé e Alvimar, que tomaram o Cruzeiro em 1995 e só foram largar, sem largar, em 2011.

Tanto não largaram que Zezé está aí de novo, pontificando com sua ignorância, jogando para plateia na tentativa de se eximir e esperando que o aliado e conselheiro Aécio Neves peça recontagem dos pontos do Campeonato Brasileiro.

Perrela sabe que há no ar mais que os helicópteros de carreira e que, como o Cruzeiro caiu, a casa dele dificilmente ficará em pé.

Entre coronéis nos clubes, e capitanias hereditárias nas federações, não há futebol que resista. E quem tem um olho vira rei.

CÓBVIO!

Duro ver a boa-fé traída, terrível quando o obrigatório ceticismo se transforma em absoluta descrença. A ingenuidade tem a ver com a pureza e perdê-la nos faz mais pobres.

Fato é que não havia motivo algum para acreditar em Paulo Wanderley, o vice-presidente de Carlos Arthur Nuzman e que o substituiu quando suas falcatruas se tornaram insuportavelmente públicas no Comitê Olímpico do Brasil.

Ninguém é vice de alguém como Nuzman por acaso.

Qual Michel Temer, PW embarcou no discurso moralizante de ocasião, mas assim que viu seu poder ameaçado tratou de despir a pele de cordeiro para revelar-se inteiro, velha raposa que sempre foi.

Não adianta esmurrar faca.

Enquanto a estrutura for a que é no esporte brasileiro, quem chegar ao topo do poder jogará o jogo espúrio.

Acontece agora, e de novo, no COB, como já aconteceu em outras confederações, como a do tênis, cercada das melhores expectativas.

O sistema é podre e da podridão sobra só o mau cheiro.

Lembre-se que o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, escafedeu-se do Brasil para não depor no escândalo do câmbio negro de ingressos da Rio-2016.

Nem sequer ficou para a abertura da Paraolimpíada, e não voltou para o fechamento.

COI, COB, FIFA, CBF, tutti buona gente!

Mantenha distância ou lute pela mudança.

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