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Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

Descrição de chapéu Previdência

Com a prisão de Temer, acabou a fantasia de que a aprovação da reforma da Previdência está garantida

Tendência do Congresso é atender outras categorias e desidratar a reforma

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Antes mesmo da prisão do ex-presidente Michel Temer, os ventos já não sopravam a favor da reforma da Previdência em Brasília. Agora, com o cacique emedebista na cadeia, o que era uma chuva forte pode se transformar em tempestade.

Os problemas começaram ainda na quarta-feira (20), quando o governo apresentou o projeto de lei da previdência dos militares. A proposta endurece regras para a entrada na reserva e aumenta a alíquota de contribuição, mas concede reajuste salariais que praticamente zeram o jogo.

O projeto de lei não chega ser a uma surpresa, diante da presença maciça de militares no governo de Jair Bolsonaro e do histórico do presidente como representante da categoria quando era deputado. No entanto, quebra o princípio da reforma de que todos os brasileiros pagariam a conta do ajuste.

 

A reação dos parlamentares foi quase imediata, adiando a escolha do relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Diante das críticas, o secretário de Previdência, Leonardo Rolim disse que “se o Congresso entender que não está adequado, pode fazer correções”.

A afirmação chega a ser quase ingênua, pois ninguém imagina deputados e senadores comprando briga com a caserna. A tendência do Congresso é nivelar por baixo, atendendo pleitos de outras categorias e desidratando a reforma.

Nesse clima pesado, veio a disputa entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E não foi um conflito qualquer, mas uma briga pública alguns decibéis mais alta que de costume.

Pressionado por Moro para que a tramitação do projeto avançasse, Maia o chamou de “funcionário” do presidente Bolsonaro e disse que seu projeto era “copiar e colar” da proposta anterior do ex-ministro Alexandre de Moraes.

A exasperação do presidente da Câmara passou aos investidores a sensação de que ele está perdendo a paciência com a desarticulação política do governo, que não tem foco e vai colocando em risco a viabilidade da reforma da Previdência. E, nesse ponto, chegamos de volta a prisão de Temer e do seu ex-ministro Moreira de Franco —que não custa frisar é sogro de Maia.

O temporal em Brasília pode até se desfazer nos próximos dias, porque assim são as nuvens da política. Mas duvido que algum investidor ainda tenha a fantasia que a tramitação da reforma da Previdência vai ser fácil ou que a aprovação de uma mudança suficiente para tirar o país do buraco está garantida.

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