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Descrição de chapéu Governo Trump

Relatório de impeachment de Comitê da Câmara acusa Trump de abuso de poder

Próximo passo é elaboração de acusações formais contra presidente

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São Paulo | Reuters

Após cerca de dois meses de depoimentos privados e públicos de diplomatas e funcionários do governo dos EUA, o Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados divulgou nesta terça (3) um relatório documentando o andamento do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump.

No documento de 300 páginas, aprovado pelo Comitê no início da noite, o colegiado liderado pelos democratas acusa o mandatário de abusar de seu poder ao pressionar a Ucrânia para que investigasse seu rival democrata Joe Biden, o que configuraria interferência estrangeira nas eleições de 2020

O relatório também acusa Trump de tentar impedir o Congresso de levar a cabo o inquérito, incluindo recusas para fornecer documentos, tentativas frustradas de impedir que funcionários do governo de carreira testemunhassem e intimidação de testemunhas.

O prédio do Congresso americano, em Washington - Loren Elliott/Reuters

"Donald Trump é o primeiro presidente da história dos Estados Unidos a tentar obstruir completamente uma investigação de impeachment realizada pela Câmara dos Deputados", afirmou o relatório.

O presidente republicano "colocou seus próprios interesses pessoais e políticos acima dos interesses nacionais dos EUA, tentou minar a integridade do processo eleitoral presidencial dos EUA e pôr em risco a segurança nacional", concluiu o documento.

Nos depoimentos de outubro e novembro, as testemunhas descreveram como Trump estava pressionando o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a declarar publicamente que passaria a investigar Joe Biden em troca de receber uma verba de US$ 400 milhões em ajuda militar que havia sido congelada pela administração americana.

A porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, que está em Londres com Trump para a cúpula da Otan, disse que os democratas liderados pelo presidente do Comitê de Inteligência, Adam Schiff, conduziram um "processo de fraude unilateral" que não produziu nenhuma evidência de irregularidade contra Trump.

"O relatório do presidente Schiff parece com as divagações de um blogueiro de fundo de quintal tentando provar algo quando não há evidências de nada", afirmou Grisham.

A aprovação do relatório pelo Comitê de Inteligência, por 13 votos a favor e 9 contra, deu início à nova fase do impeachment. Trump é o quarto presidente na história norte-americana a ser alvo de um inquérito do tipo.

Agora, o Comitê Judiciário da Câmara poderá começar a redigir, a partir de quarta (4), os chamados artigos de impeachment —documentos formais que explicam as acusações pelas quais um funcionário público pode ser destituído do cargo.

As mais prováveis a serem formalizadas são abuso de poder e obstrução do Congresso.

As acusações podem ir a votação na Câmara antes do Natal, e a expectativa é que passem, já que a maioria dos parlamentares da Casa é democrata.

Se forem aprovadas, Trump irá a julgamento no Senado —a fase final do processo antes de ser destituído do cargo—, mas é pouco provável que ele de fato seja impedido, pois a maioria dos senadores é republicana e demonstrou apoio quase total ao presidente.

Grande parte do relatório se baseou nos testemunhos públicos de atuais e ex-funcionários do governo, que descreveram em audiências na televisão um esforço de meses para pressionar a Ucrânia a realizar as investigações pedidas por Trump.

Mas o documento também sugeriu que as irregularidades dentro do poder executivo se estendiam além do presidente.

Em resumo, o relatório afirmou que muitos dos subordinados e conselheiros próximos de Trump  —incluindo o chefe de gabinete em exercício da Casa Branca, Mick Mulvaney, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o secretário de energia, Rick Perry— tinham conhecimento da situação e, em alguns casos, facilitaram e promoveram os esforços do presidente.

O relatório também observou que a "má conduta de Trump não foi uma ocorrência isolada nem foi o produto de um presidente ingênuo".

Trump nega qualquer irregularidade e acusa os democratas de usar o processo de impeachment para anularem os resultados das eleições presidenciais de 2016.

Ele reclamou que os democratas haviam realizado audiências injustas de "caça às bruxas" e que testemunhas que sua administração queria que depusessem não haviam sido chamadas.

"Queremos Biden. Queremos o filho —onde está Hunter? Queremos o filho", disse Trump durante uma reunião com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na conferência da Otan.

Trump e outros republicanos sugeriram que Joe Biden e seu filho Hunter, que trabalhou na diretoria de uma empresa de energia ucraniana, deveriam ser investigados por corrupção.

Não há evidências de que nenhum dos Bidens tenha cometido crimes.

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