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Joe Biden indica Elizabeth Bagley como nova embaixadora dos EUA para o Brasil

Financiadora de campanhas democratas, diplomata deve ter acesso direto à Casa Branca e a missão de acompanhar eleição

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Brasília

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou Elizabeth Bagley como nova embaixadora americana no Brasil. O anúncio foi feito pela Casa Branca nesta quarta-feira (19).

A missão diplomática em Brasília estava sem um titular desde meados de 2021, quando Todd Chapman —nomeado pelo ex-presidente Donald Trump— deixou o posto.

Elizabeth Bagley, indicada para o cargo de embaixadora dos EUA no Brasil pelo governo Biden - Departamento de Estado dos EUA/Reprodução

Bagley ainda precisa ser confirmada pelo Senado dos EUA para assumir a embaixada.

O comunicado da Casa Branca afirma que a nova embaixadora trabalhou nas áreas de diplomacia e advocacia por décadas, tendo sido assessora-sênior de três Secretários de Estado: John Kerry e Hillary Clinton, ambos na gestão de Barack Obama, e Madeleine Albright, no governo de Bill Clinton.

Ela também foi representante especial para a Assembleia-Geral das Nações Unidas e para Parcerias Globais, além de embaixadora em Portugal. Atualmente, de acordo com o governo americano, é dona de uma empresa de comunicação e celulares no Arizona.

Para Nick Zimmerman, conselheiro-sênior do Wilson Center Brazil Institute, Biden buscou uma diplomata experiente e com estatura política.

"Bagley traz uma mistura admirável de experiência diplomática, como ex-embaixadora e assessora-sênior no Departamento de Estado, e conexões políticas, na condição de grande arrecadadora de fundos para o Partido Democrata. Isso mostra que o governo Biden fez a indicação considerando as complexidades [nas relações] bilaterais envolvidas", afirma.

Interlocutores no governo Jair Bolsonaro (PL) ouvidos pela Folha também ressaltaram que Bagley é uma grande financiadora de campanhas democratas e alguém com cargos importantes na chancelaria desde pelo menos a era Clinton. Eles destacaram, sob condição de anonimato, que isso deve garantir a ela acesso direto à Casa Branca.

Desde que Biden assumiu o poder, a área de meio ambiente ganhou papel central nas relações bilaterais americanas. Os EUA se uniram a países europeus na pressão internacional para que o Brasil apresente melhores resultados no combate ao desmatamento na Amazônia.

Bagley terá condições de atuar nessa área principalmente por ter sido assessora de Kerry —hoje o principal conselheiro de Biden para temas ambientais. Apesar disso, diplomatas apostam que a principal missão da embaixadora será acompanhar de perto as eleições de 2022, nas quais Bolsonaro tentará se reeleger. O governo americano avalia que o pleito tende a ser conturbado.

Nesse cenário, ela terá tempo para fazer contato com as principais forças políticas no país e defender a agenda de interesses americanos junto ao vencedor. Também preocupa a administração Biden um possível cenário em que Bolsonaro tente incentivar no Brasil algo parecido com a retórica de Trump que culminou com a invasão do Congresso em Washington no dia 6 de janeiro de 2021.

Chapman, o último embaixador, investiu durante a administração Trump numa forte aproximação com Bolsonaro e figuras-chaves do entorno do presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Um de seus primeiros gestos no comando da missão diplomática foi receber o presidente e assessores para um almoço em celebração ao Dia da Independência dos EUA, em 4 de julho de 2020.

Com a vitória de Biden no pleito daquele ano e sua posse, um ano atrás, a situação mudou.

Antes um ativo, a identificação de Chapman como um diplomata de laços estreitos com o bolsonarismo tornou-se um problema na gestão do democrata. Auxiliares de Biden afirmam que o embaixador não tinha o perfil do novo governo nem sintonia com a gestão, o que pesou para a aposentadoria do diplomata.

Em outubro, a Folha mostrou que nomes da ala mais progressista do Partido Democrata pressionavam Biden por meio de cartas, pedindo um afastamento em relação ao Brasil e que, por trás dessa iniciativa, estava a expectativa da nomeação em Brasília de um nome mais alinhado à administração.

Enquanto a nova embaixadora não é confirmada, a representação americana é chefiada por Douglas Koneff. Além de Bagley, foram anunciados outros cargos, entre os quais os novos embaixadores dos EUA no Reino Unido (Jane Hartley), no Chade (Alexander Laskaris) e na Dinamarca (Alan Leventhal).

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