Palestinos fazem passeatas para marcar 60 anos de "tragédia"
Os palestinos marcam nesta quinta-feira com marchas e eventos o aniversário de 60 anos do Nakba, ou "tragédia", como eles chamam a criação do Estado de Israel e a conseqüente perda de suas terras.
Em Ramallah está previsto um evento em frente à antiga residência do presidente palestino Yasser Arafat, onde o ex-líder está enterrado. Deverão estar presentes dirigentes da Autoridade Nacional Palestina, além de convidados estrangeiros.
Está prevista uma marcha pacífica de um campo de refugiados até um dos principais postos de controles israelenses na Cisjordânia.
De lá, devem ser soltos 22 mil balões negros que, de acordo com previsões meteorológicas, os ventos devem levar até o céu de Jerusalém.
As aulas foram suspensas em escolas em Gaza e na Cisjordânia. Refugiados palestinos no Líbano planejam uma marcha até a fronteira israelense para a formação de um cordão humano. O evento foi batizado de "A Marcha do Retorno".
Bush
Os eventos palestinos coincidem com a visita do presidente americano, George W. Bush, a Israel, onde participa das celebrações dos 60 anos da criação do país.
Diferentemente de sua visita anterior, em janeiro, Bush não vai aos territórios palestinos. Está previsto um encontro do líder americano com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, no Egito, no dia 18.
Ao ser perguntado se a presença de Bush em Israel no dia do Nakba não seria interpretada pelos palestinos como sinal da falta de neutralidade do suposto mediador do conflito, o conselheiro de Segurança Nacional americano, Stephen Hadley, disse: "Estamos indo a Israel para celebrar o aniversário da fundação do Estado".
"Mas reconhecemos que isso resultou em dificuldades para muitos palestinos."
Nesta quarta-feira, Bush classificou Israel de "o maior amigo e aliado americano no Oriente Médio". Bush disse que o país, "assim como outras democracias, vem sendo ameaçado por extremistas e terroristas".
"A América representa paz, assim como Israel", disse ele em Jerusalém. Mas o primeiro dia da visita de Bush foi marcado por novos episódios de violência na região. Uma operação militar israelense na faixa de Gaza matou quatro pessoas.
Em Israel, cerca de 14 pessoas ficaram feridas quando um foguete palestino atingiu um shopping center na cidade de Ashkelon.
Nesta quinta-feira, o presidente americano deve falar ao Parlamento israelense. Um dos objetivos da visita de Bush é impulsionar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, mas analistas acreditam que existem poucas chances de um acordo ainda durante seu mandato, que termina em janeiro.
Refugiados
Cerca de 700 mil palestinos fugiram de suas casas ou foram expulsos em 1948, quando o Estado israelense foi criado.
Eles se tornaram refugiados em terras da Cisjordânia ou da faixa de Gaza ou países vizinhos. Calcula-se que hoje o número de refugiados ultrapasse os 4 milhões.
O direito desses refugiados retornarem ao país sempre foi considerado o maior obstáculo para um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
Nesta quarta-feira, as lideranças dos principais partidos políticos palestinos, o Fatah e o Hamas, declararam que nunca vão desistir do direito ao retorno.
"Israel não conseguiu apagar o Nakba da memória de sucessivas gerações", disse o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
"Eles pensaram que talvez os mais velhos fossem se esquecer, mas hoje vemos que nem os mais velhos, nem os jovens se esqueceram", disse ele.
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