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Ciclocosmo - Caio Guatelli
Caio Guatelli
Descrição de chapéu trânsito

Com trânsito caótico, Nova York negocia pedágio urbano para 2024

Além de diminuir a circulação de automóveis, plano pretende reduzir poluição e subsidiar o transporte coletivo

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O programa de pedágio urbano para a região central da cidade de Nova York avançou mais uma etapa na última sexta-feira (5), e finalmente se aproxima da efetividade.

Chamado localmente de "taxa de congestionamento", o programa prevê a cobrança de pedágio de até US$ 23 (R$ 115) dos veículos que entram ou permanecem na região mais movimentada da ilha de Manhattan, entre a rua 60 e o Battery Park.

Policial controla trânsito na Canal Street, um dos pontos de entrada da ilha de Manhattan, na cidade de Nova York - Foto: Caio Guatelli/Folhapress

De acordo com a MTA (Autoridade de Transportes Metropolitanos), o objetivo é reduzir o tráfego de carros e caminhões e gerar receita capaz de financiar o transporte coletivo nos trens, no metrô e ônibus em até US$ 15 bilhões (R$ 75 bilhões) a cada 4 anos.

Inicialmente anunciado em 2019, o pedágio urbano de Nova York estava programado para começar em 2020 e já era considerado um plano piloto para implementação em outras cidades dos Estados Unidos. Contudo, a inação do governo do ex-presidente Donald Trump não possibilitou que o relatório de impactos ambientais, indispensável para a aprovação do plano, fosse concluído.

Com a aprovação da primeira versão do documento pela administração do presidente Joe Biden, o plano entra agora em sua fase final.

Nos próximos 30 dias a MTA, junto com outros gestores municipais, deve promover uma revisão pública do plano antes que a autoridade federal de trânsito autorize a implementação do projeto. A expectativa, segundo o órgão, é que a cobrança comece a ser aplicada no primeiro semestre de 2024.

"A cidade de Nova York tem o pior trânsito dos Estados Unidos. Ambulâncias não conseguem chegar a hospitais e veículos dos bombeiros ficam travados no congestionamento. Precisamos fazer alguma coisa, chegou a hora de taxar o congestionamento", disse Janno Lieber, diretor da MTA, em entrevista coletiva.

Como a região é muito bem servida por uma grande malha metroviária, o plano foi bem recebido por grande parte da população, especialmente porque o transporte público será beneficiado com novos equipamentos e a qualidade do ar, considerada uma das piores do país, tende a melhorar.

Contudo, motoristas de Nova Jersey, estado vizinho onde moram muitos trabalhadores que tentam fugir do alto custo de vida da ilha de Manhattan, têm reclamado. Até o governador Phil Murphy tentou influenciar na iniciativa do estado vizinho. "Colocar um fardo financeiro injustificado sobre os trabalhadores de Nova Jersey é errado", disse Murphy em entrevista ao jornal New York Post na sexta-feira.

No mundo, o pedágio urbano já funciona em algumas grandes cidades. Em Londres, a taxa chega a até 12,50 Libras (R$ 80) para os veículos mais poluentes circularem no centro da cidade.

No Brasil, a ideia de aplicar um pedágio urbano chegou a ser ventilada na cidade de São Paulo em 2017, quando o então prefeito João Doria propôs a concessão das marginais Pinheiros e Tietê à iniciativa privada.

No plano nova-iorquino de taxação do congestionamento, o órgão de trânsito local destaca o papel da mobilidade ativa e prevê a manutenção da estrutura de calçadas e ciclovias. O texto também prevê o aumento de estacionamentos para bicicletas e enfatiza a limitação das vagas de garagens para automóveis.

Em São Paulo, a cidade que concentra os maiores índices de congestionamento do Brasil, as políticas de mobilidade parecem seguir em caminho oposto. Além do desprezo com sua malha cicloviária, a revisão do Plano Diretor pode gerar ainda mais vagas de garagem e aumentar o fluxo de veículos na cidade.

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