Usar o termo "cis" ou "cisgênero" —que designa quem não é pessoa trans, travesti ou não binária –para se referir a alguém no Twitter é considerado calúnia e entendido como assédio, podendo gerar suspensão da plataforma, de acordo com Elon Musk, proprietário da rede.
A publicação foi feita em resposta a um usuário assinante do Twitter Blue, serviço de verificação pago lançado pela gestão do bilionário sul-africano. Na postagem original, James Esses se descreve como fundador da Thoughtful Therapists, entidade que milita contra os direitos da comunidade trans, como o acesso a acompanhamento médico ao longo da transição.
Em seu site, a Thoughtful Terapists afirma lutar contra aquilo que chama de "ideologia de gênero" e defende a criação de uma lei para proibir a assistência médica para crianças e adolescentes durante a transição de gênero.
Não é a primeira vez que Musk se coloca contra reivindicações da comunidade trans que, nos EUA, junto ao restante da população LGBTQIA+, vê-se alvo de uma cruzada conservadora, que abrange desde leis antidrag a disputas em torno do currículo escolar.
Ainda nesse mês, o bilionário usou um meme para debochar de pessoas trans.
Musk é pai de uma mulher trans, fruto de seu primeiro casamento com Justine Wilson. Em junho de 2020, sua filha Vivian Jenna Wilson entrou na Justiça para oficializar seu nome e retirar o sobrenome de Musk, com quem afirmou não querer "estar relacionada de qualquer forma". Ele atribui a ruptura ao "comunismo" e à influência de "neomarxistas".
Em 2020, o executivo fez uma publicação afirmando que "pronouns suck" ("pronomes são um saco"). A publicação foi entendida como um posicionamento contra um pedido comum entre pessoas trans: o respeito aos pronomes adotados. Sua ex-esposa, Grimes, respondeu dizendo que não poderia apoiar o ódio e pedindo ao ex que "por favor, pare. Sei que seu coração não é assim."
Ela deletou a postagem logo em seguida.
A mais recente publicação de Musk envolvendo questões da comunidade trans surge em meio ao crescente espaço que o discurso de ódio passou a ter no Twitter, cuja equipe de moderação foi globalmente reduzida. Com o novo sistema de verificação, perfis que disseminam ataques contra minorias passaram a ter maior alcance.
Recentemente, ele foi à rede pedir aos criadores do podcast Fall Of Civilizations que usassem também o Twitter como plataforma para o conteúdo. Em resposta pública, eles afirmaram que não o fariam, pois a rede estaria "muito comprometida" e tornou-se um "oásis para o discurso de ódio, enquanto golpistas da cripto e bots pagam" para ter mais visibilidade e engajamento.
"Tudo que antes fazia do Twitter especial parece estar desaparecendo", concluíram.
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