Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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Listas de melhores séries do ano produzem satisfação e aflição

Avalanche de novos títulos gera burburinho nas redes sociais e na mídia especializada

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Em outubro de 2014, John Landgraf, CEO do canal FX, previu que a produção de séries alcançaria o seu pico naquela temporada, somando cerca de 350 títulos novos. “Estamos provavelmente chegando bem perto do final da curva de crescimento”, disse na ocasião.

A previsão do executivo embutia o receio de que a indústria audiovisual americana estivesse criando uma bolha, que mais cedo ou mais tarde iria estourar. “Para os programadores, essa bolha criou o enorme desafio de encontrar histórias originais atraentes e o nível de talento necessário para sustentá-las.”

Ano após ano, desde que esta previsão foi feita, o executivo é lembrado de que a curva de crescimento segue constante, sem dar sinais de refluxo. A previsão mais recente é que se chegue perto de 500 novos títulos ao final da temporada 2019-20.

Para o espectador, esta oferta crescente é uma notícia boa, mas implica também em custos crescentes. O aumento do número de séries é resultado da disputa de mercado entre diferentes produtores de conteúdo e serviços de streaming, cada um apresentando suas armas para fisgar o consumidor.

Esta avalanche de novos títulos gera burburinho nas redes sociais e na mídia especializada, com recomendações e discussões sobre os lançamentos. O espectador que acompanha essas conversas se angustia com o tanto que tem para ver e faz as suas listas.

Os balanços de final de ano também produzem esse duplo efeito de satisfação e aflição. Você lê a lista de melhores do ano do crítico e fica feliz de concordar com algumas escolhas, mas frustrado porque não viu metade dos títulos citados e furioso que algumas favoritas suas não foram citadas.

Confirmei a hipótese publicando nas minhas redes sociais as listas de melhores séries do ano da revista The Economist (com 11 títulos) e do jornal The New York Times (com 12). Elas têm seis títulos em comum: “Succession” e “Watchmen” (HBO), “Fleabag” (Amazon), “Inacreditável ”, “Boneca Russa” e “Olhos que Condenam” (Netflix).

As outras séries citadas são: “Chernobyl” e “Barry” (HBO), “The Crown”, “Tuca & Bertie”, “Pose” e “Documentary Now!” (Netflix), “The Imagineering Story” (Disney), “Better Things” (FX), “Catastrophe” (Amazon), “Pen15” (Hulu) e “Undone” (Amazon).

Quantas séries os críticos viram para chegar a tais listas? Tentando fazer a minha, cheguei ao número de 53 séries vistas neste ano. Várias outras abandonei pelo caminho. Como dizem: a vida é muito curta para ver uma série ruim até o fim.

Sei que 53 não é muito (o meu ofício exige que eu veja novelas também). Assim, o mais honesto é dizer que estas são as nove melhores séries que EU vi no ano.

“Fleabag” encabeça a lista. A segunda temporada da série criada, escrita e protagonizada pela atriz Phoebe Waller-Bridge é realmente desconcertante. Ela narra as estripulias de uma moça independente, valente e desbocada, mas também autodestrutiva, frágil e malvada.

“Succession”, sobre uma família dona de um império de mídia, é uma série cuja segunda temporada é ainda mais impactante que a primeira. A sétima e última temporada de “Veep” (HBO), com suas alusões aos dias atuais, foi espetacular. “O Método Kominsky” (Netflix) encara as agruras do envelhecimento em ritmo de tragicomédia, com pouca piedade e muito humor negro.

Três séries brasileiras merecem destaque por aliar bons temas, roteiros bem escritos, ótimos elencos, produção impecável e excelente entretenimento: “Irmãos Freitas” (Turner), “Filhos da Pátria” e “Sob Pressão” (Globo).

Por fim, cito duas séries, a americana “Euphoria” (HBO) e a brasileira “Sintonia” (Netflix), destinadas a públicos jovens, que me interessaram por mostrar realidades que desconheço.

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