O jornalista Fernando Morais, autor de "Olga" e da biografia do presidente Lula (PT), está coordenando a produção de uma série documental sobre a atuação do nazista Franz Stangl na Volkswagen do Brasil, durante o período da ditadura militar (1964-1985).
O austríaco foi comandante dos campos de extermínio de Treblinka e Sobibor, na Polônia, e fugiu para o Brasil. Aqui, ele foi contratado pela montadora.
Descoberto pela polícia, Stangl foi deportado para a Alemanha. Ele recebeu pena perpétua de prisão em outubro de 1970, após um julgamento em Dusseldorf, e morreu no cárcere no dia seguinte.
Intitulada "O Porão da Fábrica", a minissérie de quatro capítulos vai mostrar como Stangl identificava e enviava aos órgãos de segurança do regime militar os nomes das lideranças dos metalúrgicos do ABC.
A obra, que é coproduzida pela brasileira Grifa Filmes e pela alemã Gebrüder Beetz Filmproduktion, deve estrear no começo do próximo ano.
A ligação da Volkswagen com a ditadura no Brasil voltou a ser discutida nas últimas semanas após uma campanha publicitária da marca reunir, por meio de inteligência artificial, a cantora Elis Regina e a sua filha Maria Rita.
Houve críticas pelo fato da imagem da artista, que se posicionou contra a ditadura, ser associada a uma marca que teve ligação com o regime.
O produtor musical João Marcello Bôscoli, filho mais velho de Elis Regina, disse à coluna que entende e respeita, mas não concorda com as críticas.
"Se nós formos criar uma restrição a marcas que se envolverem em algum momento com algum tipo de governo ou algum tipo de ditadura ou coisa pior, a gente tem que pegar todas as empresas japonesas, todas as empresas alemãs, muitas empresas brasileiras, americanas e holandesas e estabelecer o mesmo tipo de crítica", afirmou.
Ex-funcionários e e seus familiares disseram que o serviço de segurança da VW no Brasil colaborou com os militares para identificar possíveis suspeitos, que foram detidos e torturados.
Em 2020, o grupo concordou em pagar R$ 36 milhões para indenizar as vítimas que foram torturadas ou parentes de pessoas mortas no período.
LINHA DO TEMPO
O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) e o ator Marcelo Drummond, viúvo de Zé Celso, compareceram à estreia do documentário "Máquina do Desejo", que remonta a história do Teatro Oficina. O cineasta Fernando Meirelles prestigiou a sessão, que ocorreu na noite de quarta-feira (19), no Espaço Itaú de Cinema Augusta, em São Paulo. Os diretores do filme, os cineastas Joaquim Castro e Lucas Weglinski, estiveram lá.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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