O ministro Anderson Torres (Justiça) presta depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (26) na investigação criminal enviada por Alexandre de Moraes para o inquérito das fake news e que mira a live em que Jair Bolsonaro atacou a segurança das urnas sem apresentar provas.
Torres participou da live realizada em 29 de julho e apresentou relatórios produzidos por peritos da PF, como ele disse, para corroborar as ideias do presidente.
Como mostrou o Painel, seis dias antes da transmissão, o ministro levou dois peritos a uma reunião no Palácio do Planalto durante a tentativa frustrada de Bolsonaro de achar provas de fraudes no sistema eleitoral.
Os técnicos da PF foram apresentados às teses de internet que o presidente usaria na live e descartaram a possibilidade de fazer um juízo de valor sem uma perícia oficial.
Mesmo com a posição dos peritos, Torres citou na transmissão os relatórios dos testes de segurança feitos nas urnas nas últimas três eleições.
Ivo Peixinho, um dos que foram levados por Torres ao Planalto e integrante do grupo da PF que testa as urnas, foi ouvido no último dia 16 pela PF para falar sobre como foi a reunião.
Além de Torres, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretária-Geral da Presidência), o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, e o militar da reserva Eduardo Gomes da Silva estão entre os que prestam depoimento no caso.
Ramagem prestou depoimento nesta quarta (26) por cerca de 3 horas.
Os peritos que realizaram testes nas urnas eletrônicas em 2016, 2018 e 2020, entre eles Peixinho, não apontaram qualquer possibilidade de fraude ou adulteração no resultado da eleição.
Embora defendam a impressão do voto como ferramenta adicional de auditoria, eles não levantam suspeitas de risco de fraude como fez Bolsonaro na live.
Após a repercussão do uso por Torres dos relatórios, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais divulgou uma nota na primeira semana de agosto em que afirma não haver “qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras”.
Segundo a associação, as falhas encontradas desde 2016 não indicam que “houve, há ou haverá” fraudes nas eleições e que os testes servem para “apontar ajustes e aperfeiçoamentos necessários para a continuidade do curso normal das eleições”.
No despacho em que encaminhou a apuração sobre a live para o inquérito das fake news, o ministro Alexandre de Moraes fala em 11 crimes que podem ter sido cometidos por Bolsonaro ao atacar as urnas.
O ministro cita entre outros os crimes de calúnia, injúria, difamação, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa e denunciação caluniosa.
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