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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Domínio do Brasil na Libertadores tem a ver com economia e importação de estrangeiros

Esses períodos hegemônicos, no entanto, quase sempre merecem ser relativizados

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A Conmebol se prepara para organizar a primeira final de Libertadores entre dois times brasileiros fora do Brasil. A decisão será em Montevidéu, como River Plate e Boca Juniors jogaram em Madri, em 2018. Daquela vez, por causa da guerra de torcidas, que impediu a finalíssima no Monumental de Núñez.

As outras três decisões entre times de uma mesma nação aconteceram no Brasil: São Paulo x Athletico (2005), Internacional x São Paulo (2006) e Palmeiras x Santos (2020). Quinze anos depois, este país do futebol recupera a hegemonia do mais importante torneio de clubes do continente.

Zaracho e Vargas celebram gol do Atlético-MG diante do River Plate, no Mineirão
Zaracho e Vargas celebram gol do Atlético-MG diante do River Plate, no Mineirão - Bruna Prado/Reuters

E logo depois de perder para a Argentina, no Maracanã, uma Copa América que muitos críticos apontaram como inevitável de se vencer.

Esses períodos hegemônicos quase sempre merecem ser relativizados. Não há nenhum clube argentino nas semifinais da Libertadores pela primeira vez desde 2010, e isso coincide com o primeiro troféu de sua seleção em 28 anos.

Os times brasileiros ganharam todas as edições da Libertadores entre 2010 e 2013 e o Brasil levou 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo de 2014.

A grande novidade da semana foi a classificação de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG disputando partidas de alta classe. Difícil prever se haveria o mesmo nível atuando contra europeus, mas as três partidas divertiram, como a última final da Champions League não conseguiu, mesmo com Chelsea e Manchester City em campo.

Dos 55 titulares dos cinco clubes do Brasil nas quartas de final, nove são estrangeiros (16%). O Atlético-MG teve a atuação mais empolgante e pode ser o segundo campeão com quatro titulares nascidos num país diferente de sua sede. Só a LDU (EQU) tinha três argentinos e um paraguaio, em 2008.

O Atlético-MG pode ter cinco, com o retorno de Nacho Fernández, como o Tigres, do México, vice-campeão com seis estrangeiros na final de 2015.

Cuca e Renato Gaúcho dirigem times espetaculares e são mais elogiados atualmente do que o Palmeiras, de Abel Ferreira. Ou seja, não se joga bonito no Brasil apenas com treinadores do exterior. Mas há uma série de misturas de fatores para que exista essa relativa hegemonia.

Até o final do século 20, era impossível haver o recorde, com três ou quatro semifinalistas de um mesmo lugar, porque só havia dois representantes por país. Na Europa, os vice-campeões só entraram na Champions League em 1997/1998 e os terceiros colocados chegaram duas temporadas mais tarde.

O recorde veio rápido: três espanhóis semifinalistas em 1999/2000. Final entre Real Madrid x Valencia, a primeira das sete decisões entre duas equipes de uma mesma nação. Aqui, a primeira final brasileira aconteceu em uma edição com cinco representantes do país: São Paulo, Athletico, Palmeiras, Corinthians e Santo André. Na segunda, havia seis clubes, e houve oito em 2020 e 2021.

Eram sete argentinos em 2018, quando River e Boca chegaram à final de Madri.

A Libertadores permite mais surpresas do que a Champions League. Independiente del Valle (EQU) e Nacional (PAR), finalistas, Atlético Nacional (COL) e San Lorenzo (ARG), campeões. Nas últimas cinco edições, espalhadas pelo ano inteiro, o dinheiro faz mais diferença. Daí, só brasileiros e argentinos chegarem às semifinais, com a honrosa exceção do Barcelona (EQU), de Guayaquil.

O domínio deste momento dos times do Brasil tem a ver com o aspecto econômico e com as importações de estrangeiros. Não é só por nossa evolução.

Isso não impede observar que Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras chegam às finais jogando futebol de grande qualidade.

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