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Editora Mundaréu faz dez anos com Cartarescu, Irene Solà e novo selo de não ficção

Casa paulista dobra a aposta nos prestigiosos europeus de seu catálogo e começa a publicar Éric Vuillard e Antonio Scurati

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A editora paulista Mundaréu, que produz um catálogo precioso de três a cinco livros por ano e é tocada por Silvia Naschenveng, completa dez anos com um investimento mais amplo em seus autores de prestígio e a estreia de um selo próprio de não ficção, o Manjuba.

Estão no prelo para 2024 novos livros do romeno Mircea Cartarescu e da catalã Irene Solà, duas das penas internacionais mais chamativas da casa.

homem de cabelo liso preto comprido fala ao microfone
O escritor Mircea Cartarescu durante a Feira Internacional do Livro de Guadalajara em 2022 - Cortesia FIL/Nabil Quintero

Do escritor que figura todo ano entre as apostas do Nobel, a casa prepara "Solenoide", exploração de 800 páginas sobre uma espécie de duplo do autor, um homem que decide abandonar a literatura na juventude após um fracasso retumbante.

"O livro anterior do Cartarescu, 'Nostalgia', tem boa vendagem apesar da intimidação ao redor de um autor pós-moderno como ele", afirma Naschenveng. "É uma linguagem envolvente, mas demandante, de um escritor muito humano e generoso."

Isso se reflete, aliás, na personalidade do romeno, "uma pessoa absolutamente simples". A editora diz que fechou seu primeiro contrato direto com ele, que não era representado por agências literárias. "Foi uma das negociações mais fáceis que tive."

Já de Irene Solà, autora do cultuado "Canto Eu e a Montanha Dança", Naschenveng prepara um romance que classifica como "mais sombrio", com título traduzido por algo como "Te Dei Olhos e Olhaste para as Trevas". É uma obra que aborda a posição da mulher e as tradições da região por um viés que ela chama de "Catalunha com chuva".

Ainda no campo da ficção há "Leitura Fácil", livro premiado e provocativo da espanhola Cristina Morales, protagonizado por quatro mulheres com deficiências intelectuais, imaginando o contraste entre suas vidas e a maneira como se expressam.

Já o selo Manjuba, que inaugura as publicações de não ficção da casa sob a batuta do editor Michel Landa, investe de cara em dois autores de peso: o francês Éric Vuillard, de "A Ordem do Dia", e o italiano Antonio Scurati, da saga "M", sobre Benito Mussolini.

Do primeiro a editora publica "Uma Saída Honrosa", sobre as derrotas das grandes potências na Indochina, e do segundo, "Os Melhores Dias de Nossas Vidas", sobre a recusa do professor Leone Ginzburg, aliás marido de Natalia, de se associar ao fascismo.

pintura de garoto negro sentado no que parecem palafitas de madeira
Ilustração de Benjamin Flao para a capa de seu livro 'Kililana Song', quadrinho premiado da Nemo sobre um garoto que enfrenta a especulação imobiliária no Quênia - Benjamin Flao/Divulgação

NENA A Autêntica Contemporânea também reassegura um de seus maiores sucessos: já comprou o livro da equatoriana Mónica Ojeda que sai em espanhol agora em fevereiro. "Chamanes Eléctricos en la Fiesta del Sol", algo como xamãs elétricos na festa do sol, está sendo traduzido por Silvia Massimini Felix.

TACONES LEJANOS Outra jovem editora, a Ercolano, começa a publicar dramaturgia brasileira com "Trilogia para a Vida", volume que sai em março reunindo três musicais recentes que têm em comum o eixo na epidemia de Aids e nos direitos da população LGBT+. As peças são "Lembro Todo Dia de Você", "Codinome Daniel" e o premiado "Brenda Lee e o Palácio das Princesas", todas do Núcleo Experimental.

CHICOS A coleção infantil "Asdrúbal, o Terrível", de Elvira Vigna, finalmente terá seus livros republicados pela FTD Educação depois das edições pioneiras dos anos 1970 e 1980. As narrativas são tidas como clássicos do livro ilustrado tanto pelo arrojamento como pelo aspecto contestatório: o personagem de Asdrúbal, um monstro de 700 anos de idade, funcionava de crítica à ditadura militar, o que Vigna só conseguiu fazer porque os censores não prestavam atenção em livros para crianças.

CHICAS Falando nisso, a escritora Giovana Madalosso, colunista deste jornal, vai lançar seu primeiro livro infantil em março pela HarperKids. "Altos e Baixos" terá ilustrações de Ionit Zilberman.

HASTA LA VISTA O Painel das Letras sai de férias e volta em 16 de março. Até lá.

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