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Jovens da periferia se tornam cozinheiros profissionais em curso à la 'MasterChef'

Prestes a começar a sexta turma, projeto Chef Aprendiz já formou 72 cozinheiros

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São Paulo

Ao perguntar a um grupo de adolescentes de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, de que tipo de projeto social eles gostariam de participar, a então estudante de gestão de políticas públicas Beatriz Mansberger ouviu como resposta um inesperado “MasterChef”. O ano era 2014 e o reality culinário da Band, que acabara de estrear, já era um sucesso entre o público.

“Na hora, tive que falar que ‘MasterChef’ não daria para fazer. Mas fiquei com aquilo na cabeça”, conta Mansberger, que recebeu o convite de uma ONG para trabalhar com jovens após concluir um projeto com crianças na região.

Mesmo que não fosse possível reproduzir o programa, ela maturou a ideia e desenvolveu o Chef Aprendiz, que capacita gratuitamente jovens de bairros periféricos de São Paulo para trabalhar em cozinhas profissionais. 

E, embora não seja uma eletrizante competição culinária gravada ao vivo, o projeto também promove uma prova final com direito a comissão julgadora formada por empresários do ramo da gastronomia que podem oferecer empregos para os alunos.

Prestes a começar a sexta turma (ou temporada), o Chef Aprendiz é itinerante —cada edição ocorre em um bairro diferente da capital paulista. A estreia foi em Paraisópolis. Depois, foi para Campo Limpo, Glicério, Jardim Colombo e Valo Velho. Neste ano, irá para o Capão Redondo.

Durante cinco meses, alunos com idades entre 16 e 22 anos recebem formação prática e teórica. Para além das técnicas na cozinha, eles também têm aulas de educação financeira, oficinas de currículo e de autoconhecimento. “Nosso objetivo é promover desenvolvimento humano e inserção social, usando a gastronomia como ferramenta”, conta Beatriz.

A cada edição, 20 jovens começam o curso —só na primeira que foram 16. “Já temos 72 formados. Destes, 38 estão empregados no ramo da gastronomia”, conta.

“Depois do projeto, não fiquei mais sem trabalhar”, afirma Ana Maria de Brito Silva, 19. Ela é ajudante na cozinha do luxuoso hotel Palácio Tangará, no Panamby. 

Ela fez a formação em Paraisópolis acompanhada do irmão, Lucas, 21, que também entrou na área e trabalha na Tartuferia San Paolo, no shopping Morumbi. “O projeto me apresentou um mundo que eu só conhecia em reality shows”, conta ele, que já trabalhou com “uns quatro chefs”. Hoje, os dois estudam gastronomia da universidade Anhembi Morumbi.

Outro ex-aluno do Chef Aprendiz é Bruno Silva Ribeiro dos Santos, 21, para quem “o projeto ajudou na questão de maturidade e a entender o que queria para a carreira”. Hoje, ele trabalha no hotel Emiliano, na rua Oscar Freire, nos Jardins.

Para pôr o Chef Aprendiz em pé, Beatriz conta com o apoio de ONGs e, principalmente, com o do público. Desde a primeira edição, ela abre um financiamento coletivo para arrecadar dinheiro. 
Mesmo que a próxima edição, prevista para começar em julho, tenha conseguido apoio de um patrocinador master via lei de incentivo, ainda é preciso captar verba —um total de R$ 25 mil. A arrecadação, feita através do site catarse.me/chefaprendiz2019, se encerra no próximo domingo (12). Entre as recompensas para quem colabora, jantares, oficinas no Eataly e panelas Le Creuset.

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