Delegado diz que rapaz deu quatro tiros em desfecho de crime em Santo André
O delegado seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, disse na manhã deste domingo que quatro tiros foram disparados por Lindemberg Fernandes Alves, 22, no momento da invasão da polícia ao apartamento em Santo André, onde o jovem fez a ex-namorada, Eloá Cristina Pimentel, refém por cem horas. Por parte da polícia, segundo Santos, houve um disparo de bala de borracha.
"O fato é o seguinte. O revólver comportava seis cápsulas de munição. Estava com cinco, sendo quatro totalmente vazios e um íntegro, porém picotado, mas a munição falhou. Ele chegou a disparar, só que ela não saiu. Na verdade, foram quatro tiros disparados naquele momento crucial", disse o delegado.
Lindemberg deve responder por um homicídio e duas tentativas de homicídio --contra Eloá, que teve morte cerebral confirmada ontem, a amiga dela que ficou ferida e um policial, informou a Polícia Civil na manhã deste domingo.
Arquivo pessoal |
Eloá Cristina Pimentel, 15, que teve morte cerebral atestada pelos médicos; família autoriza doação de órgãos |
No apartamento onde Alves manteve as adolescentes --ambas de 15 anos--, os policiais encontraram duas armas --um revólver calibre 32 e uma espingarda calibre 22. Segundo o delegado, os tiros que atingiram Eloá foram disparados com o revólver (um saco com munição foi apreendido); a espingarda seria de familiares da garota.
"No apartamento há duas ou três marcas de balas. Ele (Lindemberg) tentou manusear a espingardinha, não tinha muito conhecimento e efetuou um disparo que acertou o teto. Daí ele não mexeu mais na arma", contou o delegado.
Conforme ele, os cinco policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) envolvidos na invasão do apartamento já foram ouvidos e as armas deles apreendidas. "Todas as armas dos cinco polícias, pistolas.40 que portavam, estão conosco, uma submetralhadora e a espingarda calibre 12, que inclusive disparou o tiro de borracha", explicou Santos.
"Segundo policias, somente a bala de borracha foi usada e não acertou o indivíduo. Eles tinham armas letais, mas que não foram usadas. Não foi encontrada nenhuma cápsula e as armas estão apreendidas para perícia", disse.
Também foi entregue pela PM o escudo de um policial que diz ter percebido o impacto de tiro, segundo o delegado.
Ação do Gate
O delegado se eximiu de avaliar a operação do Gate, no momento da invasão do apartamento. Ontem, o coronel Eduardo Félix, comandante do Batalhão de Choque da PM e um dos que chefiaram as negociações com Lindemberg, disse que o grupo só invadiu porque ouviu um disparo dentro do apartamento.
Robson Ventura/Folha Imagem |
Coronel da Polícia Militar disse que agressor provocou invasão de apartamento em Santo André na última sexta-feira |
"Estamos apurando crimes cometidos pelo jovem. Falha técnica, de ordem administrativa, é outra história. O inquérito vai trazer para seu cerne, tudo o que aconteceu. Nele será descrito todo o formato da operação. Daí se vai tirar alguma conclusão, se houve falha ou se não houve. Sobre o que tenha levado ao evento morte das meninas, o grande culpado é chamado de Lindemberg", disse.
Santos, porém, disse confiar no profissionalismo dos policiais da PM.
"São profissionais respeitáveis, de valor. Eles sabem muito bem o que estavam fazendo ali. E a vontade era única de tirar todos ilesos dali. Se houve falha pequena ou não, os superiores hierárquicos na PM estão analisando", disse.
Depoimentos
Os cinco policiais já ouvidos afirmaram que houve disparo anterior à invasão, segundo o delegado.
"Os cinco policiais que participaram da invasão já foram ouvidos e entenderam que a hora era crucial e resolveram invadir. Todos eles já foram ouvidos e são unânimes em afirmar que houve disparo anterior, motivo pelo qual resolveram detonar a porta [com explosivos instalados anteriormente]. O Gate tem poder de decisão na hora de invadir. O Gate tem esse poder e esse dever de analisar hora mais crítica e adentrar", avaliou Santos.
Conforme o delegado, Nayara poderá esclarecer se Lindemberg atirou antes da invasão. Ela deverá ser ouvida assim que for autorizada pelo hospital de Santo André, onde está internada desde a última sexta-feira (17). Santos também se disse confiante em tomar o depoimento de Lindemberg nos próximos dias. Ao todo, 18 pessoas já foram ouvidas.
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