Descrição de chapéu Mpox

Entenda como a Mpox se transmite e quais os grupos de maior risco

Veja o que os cientistas sabem até agora sobre a nova cepa do vírus, que foi recentemente declarado uma emergência de saúde global

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Dani Blum
The New York Times

No mês passado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou Mpox uma emergência sanitária global. O vírus, anteriormente conhecido como varíola dos macacos, está se espalhando rapidamente em partes da África, particularmente na República Democrática do Congo. O surto lá foi alimentado por uma nova cepa que também foi encontrada na Suécia e na Tailândia.

A situação em rápida evolução tem causado ansiedade e confusão sobre quem está em risco de infecção e como o vírus se espalha. "Eu entendo por que há preocupação", disse Taimur Khan, diretor associado de pesquisa médica no Fenway Health, um centro médico em Boston (Estados Unidos). Mas, ele acrescentou, "não é como se fôssemos pegos de surpresa da mesma forma que fomos com a Covid. É um vírus com o qual estamos familiarizados, até certo ponto, e já temos ferramentas."

A imagem mostra tubos de ensaio com tampas verdes, organizados em um suporte. Um dos tubos é destacado, contendo a etiqueta 'mpox virus'. As mãos, usando luvas roxas, estão segurando o tubo em primeiro plano
Tubo de ensaio contendo material coletado para exame de Mpox - Dado Ruvic/Reuters

Pedimos a Khan e outros especialistas que respondessem a perguntas comuns sobre o vírus. Veja abaixo o que os cientistas já sabem.

O que estamos aprendendo sobre como o Mpox se espalha?

À medida que o vírus evolui, também evolui nossa compreensão sobre como ele circula, diz Rosamund Lewis, líder técnica da equipe de resposta global ao Mpox da OMS.

No surto de 2022, muitos casos foram causados por contato sexual. A nova versão do vírus continua a se espalhar por meio do sexo, mas os especialistas disseram que também está circulando de outras maneiras. Isso poderia potencialmente incluir interações de pele a pele, contato com animais infectados e toque em superfícies contaminadas, objetos ou tecidos, como roupas de cama e roupas.

Os pesquisadores estão trabalhando para entender como o vírus pode se espalhar por gotículas respiratórias e interações prolongadas face a face. "Nem sempre sabemos exatamente qual foi o modo de transmissão em uma determinada situação", explica Lewis.

Os cientistas continuam investigando quando as pessoas estão contagiosas. Algumas pessoas podem espalhar o vírus dias antes de se sentirem doentes. Até o momento, nenhuma evidência indica que pessoas que nunca desenvolvem sintomas possam espalhar o vírus, de acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano.

Quem está mais em risco?

O risco é maior em países da África Central, especialmente na República Democrática do Congo e em nações vizinhas.

"A realidade agora é que o risco para os americanos é extremamente baixo", afirma Carlos del Rio, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Emory.

Profissionais da saúde e pessoas que moram na mesma casa que alguém com Mpox estão mais suscetíveis à infecção. Como o vírus se espalha de maneira eficiente por contato íntimo, pessoas com múltiplos parceiros sexuais têm maior risco de contrair o vírus.

Por que algumas pessoas têm casos mais graves do que outras?

A Mpox pode causar lesões cutâneas dolorosas, febres, dores de cabeça e musculares, gânglios linfáticos inchados e outros sintomas. A maioria das pessoas se recupera em cerca de um mês, mas o vírus pode ser fatal. A cepa atual encontrada na África parece causar doenças mais graves e ser mais letal do que aquela associada à epidemia de 2022.

Bebês e crianças têm maior risco de ficarem gravemente doentes, em parte porque seus sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento. "As crianças ficam muito mais doentes, muito mais rapidamente", afirma Lewis. A maioria das mortes na República Democrática do Congo ocorreu em crianças menores de 15 anos.

Pessoas imunocomprometidas, especialmente aquelas com HIV não tratado, também têm risco maior de ficarem gravemente doentes porque seus sistemas imunológicos não conseguem combater eficazmente o vírus. Contrair Mpox durante a gravidez pode também levar a complicações, incluindo perda gestacional.

Qual é a situação nos Estados Unidos?

A nova versão de Mpox ainda não foi encontrada nos EUA, mas ainda existem casos de pessoas infectadas com a cepa que se espalhou amplamente em 2022. Embora os casos americanos estejam atualmente mais baixos do que durante aquele surto, houve mais de 1.700 casos em todo o país este ano —mais que o dobro do número neste mesmo período do ano passado.

"Ainda existem novos casos, e as pessoas estão realmente falando menos de suas experiências com Mpox porque isso meio que saiu da percepção pública", diz Joseph Osmundson, professor associado clínico de biologia na Universidade de Nova York.

Quem deve ser vacinado? Por quanto tempo a vacina protege?

Autoridades de saúde globais têm levantado preocupações sobre lacunas no acesso à vacina: Mesmo que o Congo seja o epicentro do atual surto, não há vacinas disponíveis lá, que se concentram em países ricos e ocidentais.

"Nosso principal papel agora é, honestamente, tentar manter o surto contido na África e enviar vacinas para lá", afirma del Rio.

Mas a atenção renovada à Mpox também pode encorajar pessoas elegíveis nos Estados Unidos a se vacinarem. O CDC recomenda que alguns homens que têm relações sexuais com homens, transgêneros e indivíduos não binários sejam vacinados, incluindo aqueles com múltiplos parceiros sexuais ou que tiveram infecções sexualmente transmissíveis. Pessoas que sabem ou suspeitam que foram expostas a alguém com o vírus também devem se vacinar.

Especialistas disseram que alguns outros grupos também podem buscar receber as doses, incluindo mulheres que têm relações sexuais com homens bissexuais. "Se você está em redes sexuais queer, independentemente de sua identidade, você pode ser vacinado", explica Osmundson.

O CDC tem um site online onde as pessoas podem buscar vacinas de Mpox próximo a elas. O esquema vacinal é em duas doses, com pelo menos 28 dias de intervalo entre elas; se alguém recebeu apenas uma dose, nunca é tarde para a segunda. Estudos mostraram que duas doses da vacina podem reduzir o risco de infecção de 66% a 88%.

Os pesquisadores ainda estão estudando por quanto tempo dura a proteção. "Não podemos prometer que a vacina será eficaz para sempre", diz Kelly Johnson, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, São Francisco. Segundo ela, as pessoas podem contrair Mpox mesmo se tiverem sido vacinadas, mas esses casos tendem a ser menos graves.

"Há uma boa chance de que, se você pegar Covid e estiver vacinado, você não será uma daquelas pessoas que ficam gravemente doentes", afirma. "Acho que é uma mensagem muito semelhante com Mpox."

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