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São Paulo, terra de Collor e dos gays

Enquanto Fernando Collor homologava, domingo passado, sua candidatura à Prefeitura de São Paulo uma gigantesca passeata promovida pelos gays tomava a avenida Paulista, reunindo 100 mil pessoas.

Dois fatos, aparentemente desconexos, a parada gay e a candidatura do ex-presidente Collor, têm muito a ver, ensinando sobre a riqueza humana de São Paulo.

Os dois fatos servem para ilustrar algo, hoje, pouquíssimo reconhecido: vivemos na cidade mais interessante e criativa do país, celeiro do capital humano brasileiro, atraído pelas possibilidades de progresso individual.

A beleza da cidade não está na paisagem -- e nunca vai estar. Vamos ser, esteticamente, irremediavelmente feios, se comparados ao Rio ou Salvador.

A beleza está na pluralidade humana, na contínua abertura de possibilidades para os talentos, premiando o esforço.

Há três anos, a parada gay reuniu não mais do que 2 mil pessoas. No ano seguinte, 8 mil e, em 1998, 35 mil; agora 100 mil.

Tanta gente na rua se assumindo (e tendo orgulho) da homossexualidade, inclusive atraindo os rapapés de políticos, só pode acontecer numa cidade aberta à diversidade, disposta a aceitar a diferença.

O culto ao diferente está no DNA da cidade, que abrigou as levas de migrantes e imigrantes.

Somos uma cidade de braços abertos. Só assim se explica que Collor se imagine capaz de virar prefeito (e até encontre alguma ressonância), sem nunca ter vivido na cidade. E, pior, sem nenhum plano de morar.

Pode-se dizer que São Paulo é terra de ninguém. Ou, por outro lado, de todos. E essa sensação nos deixa ainda mais com a cara do Brasil.

Essa lógica dos braços abertos é o que explica como se elegeu um negro do Rio (Celso Pitta) para prefeito de São Paulo. Não fosse o trágico, seria uma ótima lição de cidadania.

Por essa mesma abertura, elegeu-se para prefeitura uma mulher nordestina (Luíza Erundina) que, agora, tem boas chances de vitória.

Não vai, aqui, nenhum bairrismo, apenas constatação: quem, no Brasil, tiver algo grande para realizar vai ter que adotar São Paulo, no mínimo, como sua segunda cidade.

Na sua feiúra, violência, convivência entre impasse e viabilidade, deterioração e criatividade, riqueza e pobreza, somos mais a síntese nacional do que o Rio e, bem mais, do que Brasília.

Daí se entende que a passeata gay e Collor, por mais distantes que estejam, são parte da paisagem paulistana.

 

 
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