Ao
vencedor, o largo da Batata
Começa
amanhã uma guerra de arquitetos pela aprovação
de um projeto capaz de transformar num cartão-postal
uma das áreas mais deterioradas de São Paulo.
É o de reurbanização do largo da Batata,
ilha de pobreza, congestionada de ônibus e de ambulantes,
encravada na Brigadeiro Faria Lima, avenida com um dos metros
quadrados mais caros da cidade.
A Emurb
(Empresa Municipal de Urbanização) divulga,
no Centro Tomie Ohtake, as normas do concurso de revitalização
do largo da Batata. A idéia é criar uma praça
que englobe o largo de Pinheiros e estimular na região
o desenvolvimento de um novo perfil de atividades econômicas,
baseado em serviço, comércio e cultura - o projeto
vai ter de levar em conta que, em breve, será construída
ali uma estação de metrô.
Está
em elaboração proposta de empresários
que dá noção do tipo de negócio
que, na visão da Emurb, seria mais adequado ao novo
largo da Batata. Ladeando o largo, há um esqueleto
de vigas de ferro numa gigantesca área deixada pela
Cooperativa Agrícola de Cotia. Investidores querem
erguer naquele terreno um shopping de design sofisticado e
de arte contemporânea; seriam lojas de estilo semelhante
ao das que existem na praça Benedito Calixto, também
em Pinheiros.
Professor
de história do urbanismo da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da USP, Dacio Ottoni está há vários
meses trabalhando no projeto para transformar o ponto congestionado,
poluído e barulhento numa conquista dos pedestres e,
ao mesmo tempo, torná-lo atraente a quem procura escritórios
sofisticados. Há uma força histórica
no empreendimento: nas proximidades do largo, surgiu o primeiro
povoamento de São Paulo.
Dacio
Ottoni entrará na disputa, mas teme a crônica
dos desperdícios. "Estou cansado de ver concursos
produzirem projetos maravilhosos, cujo destino é a
gaveta." O presidente da Emurb, Maurício Faria,
diz que, desta vez, o vencedor não irá decepcionar-se
- e até mesmo será chamado a participar da obra.
Graças
às verbas da Operação Urbana Faria Lima
(recursos obtidos da autorização de construção
além do permitido), estão reservados no caixa
da prefeitura - e só podem ser gastos nesse projeto-
R$ 60 milhões.
Nesse
concurso, a criatividade tem limite exato, mais precisamente
os R$ 60 milhões. Para vencer, o arquiteto terá
de provar, em detalhes, que suas idéias cabem no orçamento.
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