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19 de janeiro de 2001
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O herdeiro político de Covas |
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Engana-se quem pensa que o governador de São Paulo, Mário Covas, é o único tucano que discute quem deve ser o candidato do PSDB a presidente em 2002. A diferença é que ele faz isso publicamente. No bastidor, tucanos só falam disso.
Hoje, a disputa no PSDB está entre o governador do Ceará, Tasso Jereissati, e o ministro da Saúde, José Serra. Covas, visto como uma possibilidade antes da reincidência do câncer, já se colocou fora do páreo.
Tasso, que estava em desvantagem em relação a Serra, devido a manobras deste no próprio PSDB e junto a outros partidos, como o PMDB, possui hoje larga vantagem.
Essa dianteira tem um motivo: o emblema de ser o candidato de Covas. E é uma vantagem que Serra terá de suar muito para superar. A cada episódio de agravamento do estado de saúde de Covas, o governador paulista bate na tecla de que o postulante ao Planalto em 2002 deva ser Tasso. Deseja que isso seja definido o mais rapidamente possível, ainda este ano.
A forma como Covas enfrenta o câncer, descrita como épica por tucanos, e o fato de ele ser o líder que mais representa os ideais históricos do PSDB conferem à preferência uma aura de desejo, quase de vaticínio. No imaginário tucano, Covas está transformando Tasso em uma espécie de Covas.
Mesmo que o presidente Fernando Henrique Cardoso e Serra consigam adiar a definição do candidato ao máximo, como desejam, será difícil retirar de Tasso o favoritismo. Lá na frente, sempre será dito que Tasso é aquele que Covas ungiu. Que Tasso é aquele que resgatará o PSDB que rompeu com o PMDB em 1988 em nome da ética porque se tornou o herdeiro político de Covas.
Esse "carimbo político" será fundamental para um tucano enfrentar em 2002 um candidato do PT, partido que teve o melhor desempenho nas eleições municipais de 2002 vendendo a honestidade administrativa como uma de suas bandeiras principais.
Serra poderia adotar esse discurso ético _na fundação do partido, teve muito mais importância do que o tucano cearense. Mas Tasso, "um novo Covas", poderá representar esse papel de uma maneira mais convincente. Importa o que está acontecendo agora, por ação de Mário Covas.
COMENTÁRIO INOCENTE
Tasso, que sempre tratou discretamente de seus problemas cardíacos, foi aconselhado a dar publicidade aos assuntos relacionados à sua saúde, exatamente como Covas. O governador cearense, ao contrário do que costumava fazer, anunciou que sua viagem aos EUA seria para checar as coronárias. O conselho foi dado depois que alguns tucanos que defendem a candidatura presidencial de Serra passaram a indagar (reservadamente, é claro) como vai a saúde de Tasso.
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