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Amir Labaki
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  11 de maio
  Um papo sobre o futuro
  CANNES - Segue abaixo um diálogo imaginário, construído a partir de declarações e escritos reais, vindos à luz nesta semana a partir do colóquio ‘O Cinema do Futuro‘ de Cannes 2000. O centro é a chamada ‘revolução digital‘, pela qual a rodagem e distribuição de um filme em película seria superada pela gravação e transmissão em video digital, em tese mais barata mas ainda com menor qualidade de imagem exibida.
Catherine Tasca (Ministra da Cultura e da Comunicação, França) - Depois do cinema falado, da cor e sobretudo do consumo de filmes em casa pela TV, uma quarta revolução tecnológica, a do digital e da Internet, vem reformular os modos de consumo do cinema.
Brian DePalma (cineasta, EUA) - Quem sabe o que é a banda larga (da Internet)? Todo computador vai virar uma TV. Tudo o que nós produzimos será consumido lá.
Walter Salles (cineasta, Brasil) - A Internet chega para mudar as coisas ou para reforçar o statu quo da distribuição?
Tasca - É vertiginoso pensar que um satélite poderá fornecer simultaneamente a milhares de salas um sinal digital permitindo a visão de um filme por milhões de espectadores. Imagina-se facilmente os riscos de concentração e de entrave da livre difusão de obras que poderão resultar desses dispositivos técnicos, no caso de eles não serem previamente regulados.
Salles - Não se deve ser tecnofóbico, mas o encantamento acrítico também é perigoso.
Atom Egoyan (cineasta, Canadá) - Há o impacto na questão da permanência. Estamos falando de imagens que vamos produzir e que vão ficar para sempre com a gente, sempre acessíveis.
Wim Wenders (cineasta, Alemanha) - Somos nós apaixonados pelo filme ou por aquilo que fazemos como contadores de histórias? Não devemos nos preocupar, nesta hora, se tudo que amamos contar nos filmes continuará vivo no suporte digital. Não há razão para que não o seja. Cabe a nós, cineastas, precisar aquilo que queremos fazer com a nova tecnologia e o que queremos que ‘ela‘ faça.
Edward Yang (cineasta, Taiwan) - O que as novas tecnologias trazem para os autores desta era nova? Mais liberdade na escritura, menos limites dentro das formas convencionais ditadas há muito pelas normas da distribuição.
Nadine Gordimer (escritora, África do Sul) - A mudança da máquina de escrever para o computador não mudou a literatura.
Thomas Vinterberg (cineasta, Dinamarca) - O cinema é a arte mais conservadora. Muda muito lentamente e será mais ou menos o mesmo daqui a cem anos.
Samira Makhmalbaf (cineasta, Irã) - No futuro próximo, a câmera poderia muito bem torna-se um simulacro de uma caneta, confortavelmente à disposição do artista, precisa na palma da mão (...) Com a filmagem tornando-se tão barata quanto a escrita, o caráter central do capital no processo criativo vai reduzir-se radicalmente.
Vinterberg - Não acredito nesta ampla democratização pois (o equipamento) ainda é caro e exige saber contar uma história.
DePalma - A idéia de que devido a tecnologia qualquer um pode fazer um filme é absurda.
Sidney Lumet (cineasta, EUA) - A luta nunca pára. É uma glória. Nada há de errado nisso.


Leia colunas anteriores
04/05/2000 - Cinema para ler
27/04/2000 - Quem tem medo dos curtas?
20/04/2000 - Cannes on line



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