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  14 de setembro
  Amazon à Brasileira
  Passando pela França, testemunhei nas últimas semanas o espaço dedicado pela imprensa para a abertura da versão gaulesa da Amazon.com, talvez a principal loja de comércio online na área cultural. O shopping virtual criado por Jeff Bezos vai enfrentar concorrentes locais como a Alapage (alapage.com), Bol (bol.com) e FNAC (fnac.com), entre outros. Um teste do Le Monde (lemonde.fr) mostrou que a Amazon sai na frente quanto à velocidade, entregando na casa dos fregueses franceseses em metade do tempo. Mas, do milhão (!?!) de livros vendidos na França diariamente, só 5 mil são hoje negociados por meio da Internet.

EUA, Grã-Bretanha e Alemanha sediaram as primeiras representações da empresa. Jeff Bezos criou um gigante que parece ter pés de barro. Fundada há cinco anos, a Amazon continua no vermelho. Perdeu 650 milhões de dólares só no primeiro semestre deste ano. No Le Monde de 9 de setembro último, Bezos reconhece: "Queria criar um pequena empresa muito rentável e acabei criando uma enorme que perde dinheiro".

Mais dia, menos dia, parece provável que chegará a vez de Cultura, Siciliano, Submarino etc. enfrentarem-na por aqui. Na verdade, à distância, já o fazem. Sempre morri de curiosidade quanto às encomendas da clientela brasileira da Amazon. Morria. Um novo serviço da loja online agora nos permite conhecer os principais produtos vendidos ao Brasil.

"Guerra Nas Estrelas -Episódio 1: A Ameaça Fantasma", em video. "O Sexto Sentido", em DVD. "Riding With the King", de Eric Clapton e B. B. King, em CD. "Harry Potter and the Goblet of Fire", o quarto volume da saga, nos livros. São estes os atuais campeões de vendagem para o Brasil pela Amazon.

Exceto o último, cuja tradução ainda espera lançamento pela Rocco, todos poderiam ser adquiridos no mercado brasileiro.

A regra vale, de maneira geral, para o conjunto das listas. A imensa maioria dos CDs, DVDs e fitas de video que lideram o ranking está disponível em edições nacionais em qualquer shopping.

Quanto aos filmes, fogem à regra lançamentos recentes no mercado americano, como "O Informante" (o nono DVD), e "South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes" (o décimo VHS) -exibido lá em salas ainda em 1999 e aqui apenas há algumas semanas. Entre os CDs, contam-se uma ou outra exceção, como a nova compilação de canções da telessérie "Ally McBeal" (Heart and Soul: New Songs From Ally McBeal Featuring Vonda Shepard), muito mais cultuada lá do que cá.

A relação mais curiosa é, assim, a dos livros. Os quatro primeiros postos pertencem, claro, a Harry Potter -mesmo estando os dois primeiros já disponíveis em português. Outro infanto-juvenil, com dicas para o jogo Dungeons & Dragons, ocupa o quinto posto. É o que se chama de Poder Jovem na era da Web.

A metade final da lista é dominada por livros sobre computação, sendo uma antologia sobre o e-capitalismo (Digital Capital, de Don Tapscott e outros), um manual para web-designers (Design Web Usability, de Jakob Nielsen) e um livro técnico sobre o sistema XML (XML By Example, de Benoit Marchal).

Duas surpresas positivas completam a relação de mais vendidos. No sexto posto, temos "From Dawn to Decadence: 500 Years of Western Cultural Life, 1500 to Present" (Da Aurora à Decadência: 500 Anos de De Vida Cultural no Ocidente, de 1500 ao Presente), de Jacques Barzun. "Um monumento", segundo Elio Gaspari -e para mim basta. Por fim, duas posições abaixo, eis o manual de auto-ajuda com grife, "The Consolations of Philosophy" (Os Consolos da Filosofia), assinado pelo mesmo Alain de Bottom de "Como Proust Pode Mudar Sua Vida" e "Ensaios de Amor".

Não consigo entender as listas para CDs, DVDs e videos. Acho que as relações incluem compras de impulso num prazo algo longo, isto é, compradores apressados que adquirem os produtos quando saem no mercado americano, com pequena vantagem de tempo sobre o lançamento no Brasil. É isso ou tem gente queimando dinheiro -o que é sempre mais fácil via cartão de crédito.

Quanto aos livros, crianças e jovens redescobrindo a leitura, atualizações sobre informática, uma sólida introdução à história da cultura, conselhos de Sócrates e Nietzsche: reconheça-se, poderia ser muito pior.


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