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Veneza
- Bem-vindo à TV Tablóide. O Festival de Veneza lança
uma versão já com grife. É a telessérie
"First Person" (Primeira Pessoa), realizada pelo premiado
diretor americano Errol
Morris.
É curioso ver as cultuadas BBC (britânica) e Bravo
(americana) assinando a produção. A idéia é
simples: retratar um tipo estranho e pitoresco, por meio de entrevistas,
material de arquivo e, quando necessário, um pouco de reconstituição
ficcional, à moda "Linha Direta" da Rede Globo.
O universo é o mesmo de "No Limite", "Survivor".
"Big Brother", "Confessions". É TV à
Warhol. Todo anônimo será famoso por 15 minutos.
Basta entregar-se à câmera mefistomeliana da emissora
interessada. Empreste-me seu corpo e sua alma e dar-te-ei a fama.
Não faltarão candidatos.
Quanto mais bizarro o personagem, melhor. Dez episódios foram
aqui lançados dentro da mostra Novos Territórios (labiennale).
Há um décimo-primeiro protagonista, oculto: o próprio
Morris, que conduz os depoimentos por meio de um equipamento especial
que apresenta seu próprio rosto numa tela que disfarça
a câmera para deixar mais à vontade o entrevistado
voluntário.
Sondra London namora um "serial-killer" e perdeu a virgindade
com outro. Saul Kent é um obcecado pesquisador da crionização,
a técnica de congelamento do corpo humano com o objetivo
de uma futura ressurreição.
O funcionário público aposentado Bill Kinsley sobreviveu
a um massacre na central de correios que comandava.
Ser o primeiro homem a encontrar um polvo gigante monopoliza as
energia de Clyde Roper. Gretchen Worder mantém na Filadélfia
um museu para deformações humanas.
Já Gary Greenberg, para sair do anonimato, tornou-se um correspondente
habitual do terrorista anti-modernista Ted Kaczynski, o famoso Unabomber.
Depois do suicídio de seu enteado, Joan Dogherty abriu uma
firma especializada em limpar os cenários de mortes e crimes.
O advogado Andrew Capoccia ganha a vida renegociando agressivamente
as dívidas alheias.
Por sua vez, Antonio Mendez orgulha-se de 25 anos de serviços
para a CIA como um mestre no disfarce.
Por fim, já que vale tudo, há Max, um papagaio que
assistiu ao assassínio de sua dona e pode ter a chave para
a identidade do responsável. Não é fantástico?
Leia colunas anteriores
31/08/2000 - Branco,
míope, comunista
24/08/2000 - Na
rota do documentário
17/08/2000 - "No limite"
é circo do ultracapitalismo
10/08/2000 - Garrafa virtual
03/08/2000
- Grande
Prêmio, ano 2 - o resgate
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