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É hora de desafogar a caixa de e-mails. Mesmo dedicando em média cerca de uma hora por dia só à correspondência eletrônica, não dá para comentar ou responder no ato a todas as mensagens. Acumulei alguns e-mails de leitores que julgo merecer registro ou comentário especial. Tomo a liberdade de reuni-los abaixo -e a todos que me escreveram, escrevem ou escreverão, grato pela audiência e pela resposta às mensagens que postamos semanalmente nesta garrafa virtual.
Colunas sobre o Brasil parecem motivar especialmente o navegador
do Folha OnLine. O recorde de acesso e de repercussão ficou
com a crônica sobre os candidatos brasileiros à disputa do Oscar
de melhor filme em língua não-inglesa. Os dois mais fortes continuam
sendo "Eu Tu Eles", que estréia na semana que vem, e "Bossa Nova",
que continua a fazer boa carreira comercial nos EUA.
A leitora Ana Graziela Acosta Silva disse ter preferido "O Dia da Caça" a "Bossa Nova" e pergunta sobre as chances de uma indicação para o thriller de Alberto Graça. São remotíssimas, Ana. Qualidades e defeitos à parte, "O Dia da Caça" não acumulou consenso crítico ou sucesso de público suficientes para escorar uma candidatura com maiores chances. Na remotíssima hipótese de chegar a ser indicado, duvidaria que ficasse entre os cinco finalistas. Thriller por thriller, Hollywood faz muito melhor.
"Os melhores risos de nossas vidas" veio logo a seguir. O correspondente em Nova York, Sérgio Dávila, mais uma vez honrou-nos com a audiência, lembrando a ausência de Costinha da lista de principais comediantes do cinema nacional. Para ir direto ao ponto, não houve esquecimento. A omissão foi deliberada.
Por sua vez, Andrea Vieira Santos ousou votar num extraordinário ator em geral coadjuvante: Walter D'Ávila. A pesquisa do Canal Brasil, que catalisou a coluna, foi liderada por folga pelo imenso Oscarito. Por estes dias, um especial sobre ele estará sendo exibido. Tivesse feito carreira nos EUA, Oscarito dividiria sem favor o culto destinado a Chaplin, Keaton, Groucho e Jerry Lewis.
Comentando a coluna "De Dogma a Demented", o jovem Renato Assis, 19, pergunta sobre os cineastas brasileiros mais críticos ao modelo hollywoodiano. A resposta exigiria um livro. Sugiro que ele confira o irregular mas poderoso "Cronicamente Inviável", de Sérgio Bianchi, para tranquilizar-se sobre a existência de uma produção alternativa.
Por falar em Dogma, recebi do documentarista brasileiro radicado na França César Paes (Saudade do Futuro) uma resposta tardia a uma provocação que lhe fizera a partir do novo manifesto de Lars von Trier, o "Desfoco", dedicado à produção não-ficcional. Paes considerou o texto "muito vago, abrindo várias possibilidade de leitura" mas "insuficientemente claro para, na forma atual, ser seguido e/ou adotado". O cineasta destaca ainda que von Trier "gosta do paradoxo: enquanto o Dogma, que tratava de ficção, se aproxima do documentário, (...) ele chama a ficção quando trata do documentário".
Agradeço a Fernando Sérgio Zucoloto por apontar um lapso em minha resenha sobre "The Sinatra Files" que circulou na semana passada tanto na Ilustrada tradicional quanto na versão on line. Sinatra deu a volta por cima em Hollywood como o soldado Maggio de "A um Passo da Eternidade" (1953), de Fred Zinneman, que lhe valeu seu único Oscar como ator coadjuvante. A memória me enganou e escrevi "Assim Caminha a Humanidade" (Giant), estrelado por James Dean. Kabong! Perdão, perdão, perdão. Como penitência, mereço uma semana sem ouvir Sinatra. Ou uma terceira sessão de "Estorvo".
Leia
colunas anteriores
03/08/2000 - Grande
Prêmio, ano 2 - o resgate
27/07/2000
- A hora do 'Oscar' europeu
20/07/2000 - A biblioteca de Scorsese
13/07/2000 - Desfoco,
o "Dogma" para o documentário
06/07/2000 - Mais dois MSTs
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