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  12 de agosto
  A revolta dos fundos
  Há mais de um mês, os grandes fundos de pensão estatais vivem uma guerra sem tréguas com o banco Opportunity, do Rio de Janeiro. Trata-se não de um banco comercial, mas de uma administradora de carteiras, fundada pelo baiano Daniel Dantas, o qual chegou a ser cogitado para ministro da Economia no governo Collor. O que está acontecendo no Opportunity vale um estudo mais aprofundado. Antes apontado como símbolo do sucesso do mercado financeiro, o Opportunity desceu ao inferno e não se sabe se sairá inteiro dele.
O banco administra US$ 6 bilhões em patrimônio de terceiros e a credibilidade é seu oxigênio. Daniel Dantas sabe que o confronto com as fundações vem causando estragos à imagem da corporação e o desafio para ele, agora, é conseguir parar este processo.
Os fundos não estão questionando o resultado das aplicações feitas com o dinheiro deles, mas o tratamento que têm recebido do Opportunity e estão com o pote cheio de mágoa. A cada dia, a guerra avança um ponto em agressividade e a impressão é de que o caldeirão vai explodir a qualquer momento.
Me pergunto o que poderá vir à tona quando isto acontecer e se segredos da privatização serão revelados nesta lavagem de roupa suja. Os primeiros sinais de que havia uma guerra subterrânea entre os fundos de pensão e o banco Opportunity apareceram em junho e estavam ligados à compra da empresa de telefonia gaúcha CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) pela empresa Brasil Telecom. Opportunity, fundos e o grupo italiano Stet (divisão internacional da Telecom Italia) tornaram-se acionistas da Brasil Telecom no leilão de privatização da Telebrás.
O banco e os italianos se desentenderam sobre o valor de compra da CRT e, para surpresa geral, as fundações não apoiaram Daniel Dantas. Até hoje, eles garantem que se mantiveram independentes durante o conflito, embora o Opportunity diga que fizeram aliança o sócio estrangeiro.
O caso CRT só foi resolvido, em meados de julho, depois que o governo federal interveio na discussão. Mesmo assim, o clima de tensão na Brasil Telecom não diminuiu. Na semana passada, os sócios chegaram ao ponto de redigirem duas atas para a reunião do conselho convocada para indicar um diretor para o fundo de pensão da tele, o Sistel. Cada ata trouxe um resultado e até hoje não se sabe quem é o diretor.
Há conflito entre fundos e o Opportunity também na Telemig Celular e na Tele Norte Celular, igualmente privatizadas no leilão da Telebrás.
E, neste caso, a discussão já virou batalha judicial. Para completar, os fundos questionam a postura do Opportunity como gestor do fundo CVC, no qual investiram perto de R$ 600 milhões. Até o momento, não há sinal de ingerência do governo nesta guerra e é vital que as coisas continuem assim, sem pressão política sobre os administradores das fundações.


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07/08/2000 -
Lobby ao contrário
05/08/2000 - Lindas e sujas

29/07/2000 - A revolta dos fundos de pensão
22/07/2000 -
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15/07/2000 - O Público e o Privado


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