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  2 de setembro
  Sócios em guerra
  A cada dia que passa, surgem novos lances da incrível guerra entre o banco Opportunity e seus sócios nas empresas de telecomunicações Brasil Telecom, Telemig Celular e Tele Norte Celular.

Novos detalhes da guerra vieram à toda nos últimos dias e revelam uma disposição quase ilimitada dos sócios para agressões. Relatarei o último round, ocorrido em Brasília.

Terça-feira, dia 29. Os nove membros do conselho de administração da Brasil Telecom têm reunião marcada para as 11h. Meia hora antes, chegam os dois representantes do banco Opportunity e o ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Jorge Jardim, que vota com o Opportunity.

Os demais conselheiros _que iriam decidir os assuntos em pauta, uma vez que formavam maioria_ se atrasam alguns minutos. O Opportunity aproveita a brecha e declara cancelada a reunião, por falta de quorum. Rapidamente, é redigida uma ata para registrar o cancelamento da reunião e o documento é assinado pelos três conselheiros.

Por volta das 11h10, começam a chegar os demais conselheiros e a confusão é instaurada. Eles decidem que, juntos, formam quorum suficiente para reunião do conselho e dão início aos trabalhos.

Aprovam a troca de um diretor da Brasil Telecom e indicam um diretor para o fundo de pensão dos telefônicos, o Sistel. Ignorando a decisão dos outros três conselheiros, eles redigem uma nova ata que, assim como a primeira, é assinada e encaminhada à Junta Comercial do Distrito Federal.

Não há registro de uma guerra como esta entre sócios de uma empresa do porte da Brasil Telecom. Afinal, trata-se da terceira maior empresa de telefonia local do país, cuja área de atuação se estende por dez Estados.

Aliás, foi a segunda reunião consecutiva do conselho de administração da ex-estatal a produzir duas atas divergentes, o que dá uma dimensão do conflito entre os sócios. O estoque de golpes entre eles parece inesgotável e o que se pergunta é no que isso tudo vai dar.

O Opportunity está em guerra em várias frentes. Desde o início do ano, vem brigando com o grupo Telecom Italia e com fundos de pensão dentro da Brasil Telecom. A batalha atingiu o auge em julho e teve como pano-de-fundo a compra da companhia telefônica gaúcha CRT. O negócio foi fechado após intervenção do governo, mas isso não eliminou os atritos entres eles.

Ainda em julho, o Opportunity abriu uma nova guerra, desta vez com o grupo canadense TIW e vários fundos de pensão. O alvo da segunda disputa é divisão do controle da Telemig Celular e da Tele Norte Celular, privatizadas em junho de 98, no mesmo leilão em que foi vendida a Brasil Telecom.

As trombadas do Opportunity com seus sócios não acontecem por acaso. Elas já fazem parte do processo de fusões de empresas que acontecerá a partir de 2.002, quando o mercado será aberto à plena competição. É um aperitivo da grande disputa que está por vir.

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