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9 de setembro |
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Um
executivo em apuros |
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Parece
roteiro de cinema, mas não é ficção. Aconteceu
no Rio de Janeiro, no último dia de agosto. Um alto executivo
norte-americano foi preso no aeroporto, quando tentava embarcar para
os Estados Unidos com US$ 80 mil em sua bagagem de mão.
O nome dele: Richard Perez, vice-presidente internacional da WorldCom
MCI, a atual dona da Embratel. Salário anual de US$ 500 mil
e saldo bancário de US$ 611 mil, segundo o extrato do Bank
of America que ele exibiu aos policiais federais no momento em que
foi preso.
A cada dia que passa, aumenta o mistério em torno do caso.
Uma semana depois da prisão, a empresa norte-americana não
havia sequer contratado um advogado para tentar tirar seu executivo
da cadeia. Um porta-voz da MCI nos Estados Unidos limitou-se a informar
que o episódio estava sob investigação interna
da companhia.
Não faltam ingredientes picantes no caso. Ao ser detido, no
momento em que a funcionária do raio-x desconfiou de material
orgânico no interior da valise, ele tentou iludir
a fiscalizando afirmando que levava US$ 40 mil de "um amigo".
Já na Polícia Federal, deu outra versão esdrúxula.
Que o dinheiro lhe pertencia e que havia decidido levá-lo consigo
por ter se envolvido com uma garota de programa. Disse que não
tinha confiança nela para deixar o dinheiro no apart-hotel
que alugara e que ocupava quando vinha ao Rio.
A história da garota de programa foi derrubada com uma simples
visita da Polícia Federal ao apart-hotel. Os funcionários
contaram que nunca o viram acompanhado.
Um dia antes de ele ter sido preso, cinco funcionários da Embratel
foram demitidos. Três do setor de engenharia, incluindo o diretor
da área, e dois do setor de compras. Richard Perez é
o homem responsável pela tecnologia, ou seja, é um dos
responsáveis pela escolha dos fornecedores.
Estaria o executivo recebendo comissões de fornecedores, daí
estar levando tanto dinheiro em sua bagagem pessoal? Teria sua prisão
algum vínculo com as demissões ocorridas na companhia
no dia anterior? Embratel e MCI mantêm silêncio diante
da pergunta.
Uma outra hipótese é de que o executivo poderia estar
envolvido em lobbies. Neste caso, o dinheiro não seria dele
e teria algum propósito específico. Esta linha de raciocínio
_que está sendo perseguida pela Polícia Federal_ é
reforçada pelo fato de o executivo ter sido responsável,
na MCI, por convencer indústrias de telecomunicações
a financiarem a viagem de 12 ministros do STJ e de três do STF
a Nova York, em maio deste ano.
Para a Polícia Federal, há várias perguntas sem
resposta. Como um executivo com a experiência internacional
dele _viajava mensalmente ao Brasil para reuniões na Embratel_
alegou desconhecer a proibição de sair do país
com mais de R$ 10 mil (ou o equivalente em moeda estrangeira) em dinheiro?
Por que a MCI, a Embratel e o consulado dos Estados Unidos não
lhe deram assistência? A Embratel considerou que o assunto não
lhe dizia respeito uma vez que Richard Perez não é funcionário
dela. Estranha frieza, tendo em vista que o executivo é presença
constante na companhia.
A MCI do Brasil conseguiu ser ainda mais fria. Disse que não
se envolveu no caso por tratar de um problema pessoal do executivo
da matriz norte-americana, a qual como disse acima, está investigando
o assunto.
Leia
colunas anteriores
02/09/2000 - Sócios
em guerra
26/08/2000 - Colômbia:
novo Vietnã?
19/08/2000
- Novos
tempos na ESG
12/08/2000 - A revolta dos fundos
07/08/2000
- Lobby
ao contrário
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