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  23 de setembro
  Sorry, periferia
  Uma casinha pobre na periferia de São Gonçalo (município vizinho de Niterói, um dos muitos que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro) foi transformada, quem diria, em base de operação de uma quadrilha internacional especialista em fraudar ligações telefônicas internacionais.

Quando a polícia chegou lá, avisada pela Embratel, encontrou um menor, de 17 anos, que confessou receber R$ 100,00 por mês de um oriental para tomar conta de quatro aparelhos telefônicos que haviam sido instalados também por ordem do tal estrangeiro.

O rapaz não soube dizer o nome do oriental. Tampouco tinha noção de que vinha participando de um crime, e, naturalmente, afirmou não ter a mais vaga idéia do tamanho do golpe que a quadrilha praticava.

Isto é o que se pode chamar de efeito colateral da globalização. De repente, uma casa humilde de um subúrbio passa a ocultar uma minicentral telefônica e a completar, de modo clandestino, ligações entre vários países do mundo.

Nesse caso específico, descoberto pela Embratel, o jogo era comandado por uma quadrilha supostamente baseada no Oriente Médio, pois a maioria das ligações tinham como origem o Líbano e o Kuwait.

A coisa funcionava mais ou menos assim: a central, em São Gonçalo fazia uma chamada para o Kuwait, por exemplo. Quando a ligação era atendida, a pessoa, no exterior, era colocada numa linha de espera. A mesma central fazia uma segunda ligação para o exterior e, em seguida, colocava as duas partes em ‘’conference call", ou seja, para se falarem. Os telefones funcionavam dia e noite para atender a demanda.

A fraude com telefones fixos é um fato absolutamente inovador. Até agora, conhecíamos fraudes semelhantes, só que praticadas com telefones celulares. As quadrilhas roubavam ou clonavam telefones celulares e os usavam ininterruptamente para ligações internacionais, até que o esquema fosse descoberto pela empresa operadora, que cortava a linha.

No caso do telefone fixo, a situação é um pouco mais complicada. Depois que a Telebrás foi privatizada, a telefonia de longa distância foi separada da telefonia local. As ligacões internacionais e interurbanas feitas pela Embratel são cobradas em conta específica emitida pela empresa.


No entanto, a linha instalada na residência do assinante é de responsabilidade da operadora local. Se um cliente da Embratel ou da Intelig deixar de pagar sua conta, sua linha telefônica não é cortada.

Isto dá uma boa vantagem para os fraudadores que acabam dispondo de tempo para sua atividade ilegal.


Você pode me perguntar: as multinacionais sabiam disso quando entraram no leilão da Telebrás? Sabiam sim. A fraude telefônica é uma praga mundial, que consome bilhões de dólares. O Brasil ainda é peixe pequeno nesta rede, mas, como efeito da globalização, já entrou na rota das quadrilhas internacionais.

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