Surgem
notícias de que guerrilheiros das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) estariam invadindo a fronteira
brasileira e recrutando pessoal na região conhecida como Cabeça
do Cachorro. Fantasia ou realidade?
Há
muitas informações neste sentido circulando na região.
O último a admitir tal hipótese _com a ressalva de
que não há nada confirmado, até agora_ foi
o diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro
Filho, no lançamento da Operação Cobra, da
Polícia Federal, para intensificação do policiamento
da fronteira.
Protegida
pela selva densa, quase inabitada, a fronteira é suscetível
a todo tipo de invasão: guerrilha, narcotráfico e
de seitas religiosas fanáticas que encontram receptividade
entre índios, caboclos e as populações pobres
das cidades.
O bispo
do Alto Solimões, Alcimar Magalhães, diz que tem recebido
informações das paróquias distantes relativas
à crescente entrada de colombianos no país. As notícias
passam de boca-em-boca, levadas por índios e ribeirinhos,
diz ele.
Segundo
o bispo, não existe nenhuma rádio ou jornal local
em toda a região. As rádios comunitárias que
existiam foram todas lacradas pela Polícia Federal no ano
passado, por ordem do governo.
Assim,
é preciso relativisar as informações sobre
as incursões de guerrilheiros em território nacional.
Pode ser que os invasores sejam simples trabalhadores rurais, assustados
com a perspectiva de um conflito sangrento em seu país quando
for deflagrado o Plano Colômbia no início do ano que
vem.
Boatos
ou não, os informes sobre invasão colombiana assustaram
o governo. Perguntado se há risco de uma imigração
clandestina em massa, o diretor-geral da PF respondeu: tanto
existe que estamos aqui.
Vez
por outro descobre-se alguma ameaça na fronteira. A última
foi a identificação de uma seita fanática -Associação
Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal_
comandada pelo peruano Ezequiel Jonas Ataucusi, que montou suas
bases na margem peruana do rio Javari.
A seita
formou uma comunidade de cerca de mil 5 pessoas no Javari e, recentemente,
fincou raízes em Tabatinga, onde já tem uma igreja
com 60 fieis.
Esta
seita passou a assustar o governo depois que a polícia combiana
apreendeu escopeta, revólveres, pistolas, munição
e rádios transmissores em um bote onde viava o líder
Ezequiel, acompanhado de uma dúzia de seguidores. Desde então,
suspeita-se de que a seita esteja vendendo armas para a guerrilha
colombiana.
Como
se vê, as coisas demoram muito a serem descobertas na Amazônia
e as notícias sobre a invasão guerrilheira podem não
ser ficção.
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