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eleonora@uol.com.br
  1º de junho
  Protestos em SP e Buenos Aires expõem fiasco do modelo na AL
 
   
 

São Paulo e Buenos Aires foram agitadas nesta semana por grandes manifestações públicas. Na av. Paulista, pelo menos 15 mil. Na Praça de Mayo, 40 mil. Os protestos, desta vez pacíficos, tiveram um alvo em comum: a política de arrocho nos gastos públicos abraçada pelos governos dos dois países para cumprir as metas do FMI.
Na Argentina, o corte anunciado foi abrupto: aposentadorias perderam até 50% do valor; salários encolheram até 15%. No Brasil, o aperto já teve vários capítulos. A decisão de não reajustar salários de funcionários públicos por vários anos é uma forma, mais discreta, de fazer aqui o que a Argentina escancara.
Lá, a situação é mais aguda. O governo Menem praticamente abriu mão da moeda nacional e atrelou a economia do país ao dólar. Enquanto o Brasil estava com o real sobrevalorizado e os investidores do Norte eram atraídos pelos juros altos na América Latina, o problema foi contornado. Apesar do aumento do desemprego e da concentração de renda, a perspectiva de colapso foi adiada.
Agora, com a mudança no Brasil e o temor de um desaquecimento mais forte nos Estados Unidos, as expectativas sobre a Argentina degringolaram. Como todo o patrimônio público já foi vendido, o novo governo, sem dólares para manter a cotação do peso, tentou uma manobra desesperada e impopular. O mercado financeiro e o presidente Fernando Henrique Cardoso aplaudiram. A população não gostou e protestou nesta quarta-feira.
No Brasil, as últimas manifestações pleiteiam mais salários para os funcionários da saúde e da educação. Querem também mais verbas para escolas, universidades, hospitais. Querem, em última análise, que o governo gaste. Uma "heresia’’ para os defensores do modelo que tomou conta do continente.
Uma "heresia’’ que foi muito bem utilizada nos momentos de crise na história dos Estados Unidos e na Europa. Neste século, os países do Norte superaram recessões e retomaram crescimento sempre ampliando os gastos públicos.
Há 10 anos a América Latina vive submersa na ideologia neoliberal ditada por Washington. Os governos locais foram convencidos de que poderiam entrar no fabuloso mundo da globalização se abrissem seus mercados, vendessem patrimônio público, afrouxassem as redes de saúde, educação e previdência, abrindo caminho para a privatização dos serviços.
Para as populações, o marketing oficial alardeou as proezas infindáveis da estabilização de preços, colocando-a na antesala do crescimento, do aumento de vagas. O Estado, mais enxuto, poderia, então, cuidar melhor de saúde, educação, segurança.
Balela.
Basta andar pelas ruas de São Paulo ou de Buenos Aires.


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