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eleonora@uol.com.br
  8 de junho
  Banqueiro é preso, mas como é que fica o resto?
 
   
 

Com alarde, o banqueiro Salvatore Cacciola foi preso. Estava em hotel refinado na cidade turística de Gramado (RS). Entrou no carro da polícia com a raquete de tênis a tiracolo. Dono do Banco Marka, ele ficou no olho do furacão da desvalorização do real ocorrida em janeiro de 99.
O banco de Cacciola e o FonteCindam foram socorridos pelo Banco Central numa polêmica operação que provocou um prejuízo de R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos. Até hoje há uma estranha nuvem envolvendo o negócio. Não se sabe direito como foi tomada a decisão de dar um auxílio camarada ao banqueiro. O governo alega que, naquele momento, a ajuda serviu para evitar uma quebradeira no mercado financeiro.
O juiz que definiu a prisão de Cacciola aceitou a acusação contra 11 dos 13 citados pelo Ministério Público no caso _sócios e executivos dos bancos, ex-diretores do BC, além do ex-presidente Francisco Lopes. Dois funcionários públicos receberam prazo para defesa antes da decisão do juiz. Um deles é a atual diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, acusada de prevaricação e peculato.
É preciso aguardar os próximos capítulos para saber se a novela vai se resumir ao show proporcionado pela prisão de Cacciola. Se houve irregularidade, ela não existiu dos dois lados do balcão? Ou só pode ser culpado quem tomou dinheiro de "presente" do BC?
De qualquer forma, a raquete do banqueiro no camburão trouxe de volta o debate sobre a desvalorização do real e o papel do governo naquele momento agudo.
Depois de todo o tumulto, já ficamos sabendo que a decisão de adiar a desvalorização teve objetivo eleitorial: viabilizar a reeleição do presidente da República. Quem admitiu a estratégia foi o atual presidente do BC, durante descontraído jantar com investidores em Boston (EUA) há dois meses.
Também ficamos sabendo que a desvalorização foi vital para a realização dos resultados estratosféricos observados pelos bancos estrangeiros no ano passado. Eles registraram aumento de 851,53% no lucro líquido em relação ao ano anterior. Nos bancos nacionais esse crescimento foi de 57%. Não precisa dizer que, na outra ponta, o prejuízo do BC (dinheiro público) também foi recorde.
Bom, parece que a história não pode parar no camburão de Gramado. É preciso mostrar o episódio com transparência. Se não pode haver mais uma onda de quebradeira. Na credibilidade do governo.


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