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Com
alarde, o banqueiro Salvatore Cacciola foi preso. Estava em hotel
refinado na cidade turística de Gramado (RS). Entrou no carro da
polícia com a raquete de tênis a tiracolo. Dono do Banco Marka,
ele ficou no olho do furacão da desvalorização do real ocorrida
em janeiro de 99.
O banco de Cacciola e o FonteCindam foram socorridos pelo Banco
Central numa polêmica operação que provocou um prejuízo de R$ 1,6
bilhão aos cofres públicos. Até hoje há uma estranha nuvem envolvendo
o negócio. Não se sabe direito como foi tomada a decisão de dar
um auxílio camarada ao banqueiro. O governo alega que, naquele momento,
a ajuda serviu para evitar uma quebradeira no mercado financeiro.
O juiz que definiu a prisão de Cacciola aceitou a acusação contra
11 dos 13 citados pelo Ministério Público no caso _sócios e executivos
dos bancos, ex-diretores do BC, além do ex-presidente Francisco
Lopes. Dois funcionários públicos receberam prazo para defesa antes
da decisão do juiz. Um deles é a atual diretora de Fiscalização
do BC, Tereza Grossi, acusada de prevaricação e peculato.
É preciso aguardar os próximos capítulos para saber se a novela
vai se resumir ao show proporcionado pela prisão de Cacciola. Se
houve irregularidade, ela não existiu dos dois lados do balcão?
Ou só pode ser culpado quem tomou dinheiro de "presente" do BC?
De qualquer forma, a raquete do banqueiro no camburão trouxe de
volta o debate sobre a desvalorização do real e o papel do governo
naquele momento agudo.
Depois de todo o tumulto, já ficamos sabendo que a decisão de adiar
a desvalorização teve objetivo eleitorial: viabilizar a reeleição
do presidente da República. Quem admitiu a estratégia foi o atual
presidente do BC, durante descontraído jantar com investidores em
Boston (EUA) há dois meses.
Também ficamos sabendo que a desvalorização foi vital para a realização
dos resultados estratosféricos observados pelos bancos estrangeiros
no ano passado. Eles registraram aumento de 851,53% no lucro líquido
em relação ao ano anterior. Nos bancos nacionais esse crescimento
foi de 57%. Não precisa dizer que, na outra ponta, o prejuízo do
BC (dinheiro público) também foi recorde.
Bom, parece que a história não pode parar no camburão de Gramado.
É preciso mostrar o episódio com transparência. Se não pode haver
mais uma onda de quebradeira. Na credibilidade do governo.
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