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Marcio Aith
maith@uol.com.br
  1º de janeiro de 2001
  Argentinos querem viver
o novo milênio em outro país
 

É com satisfação que faço a primeira coluna de Pensata do novo milênio. Olhando pela janela de meu apartamento alugado em Washington, enquanto imaginava o que escrever e o que desejar de bom aos leitores, recebi de um grande amigo, promotor de Justiça em São Paulo, a cópia de uma matéria sobre a Argentina veiculada na versão digital do diário espanhol "El Pais".

Segundo o texto da matéria, dezenas de milhares de argentinos, descendentes de estrangeiros ou não, fizeram filas em Buenos Aires nos últimos dias, em frente aos consulados da Espanha, da Itália e até do México, solicitando passaportes e vistos para abandonar o país.

Segundo pesquisas, mais de 30% dos argentinos mudariam de país, se pudessem, por causa da crise econômica que corrói o orgulho nacional.

O fato é preocupante. Uma espécie de diáspora também afeta há algum tempo outros países da América Latina, como a Colômbia, Venezuela e Equador, mas nunca imaginei que algo semelhante pudesse ocorrer na Argentina.

A surpresa não deve ser só minha. Saibam vocês que a imigração norte-americana, por razão que desconheço mas que já dura anos, não exige visto de entrada de cidadãos argentinos visitando os EUA. Talvez a crise argentina faça a imigração norte-americana mudar de opinião e aproximar os argentinos dos brasileiros neste quesito.

O que mais me aflige é saber que a Argentina chegou a essa situação depois de fazer, na última década, tudo o que a comunidade financeira internacional e o FMI (Fundo Monetário Internacional) queriam. Os argentinos só não privatizaram suas famílias por falta de tempo. No entanto, a Argentina continua tão vulnerável hoje a crises externas como estava há duas décadas.

O Brasil, apesar de ter estruturas cambial e populacional distintas das argentinas, poderia usar o exemplo de seu vizinho para repensar alguns aspectos de nosso regime econômico - como a real vantagem da privatização e da desregulamentação.

Com a situação argentina em mente, desejo aos leitores que chegaram ao fim deste artigo um milênio no qual projetos possam ser realizados com dinheiro barato. Desejo também, aos amigos argentinos, uma saída digna para a crise.

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