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Caros
leitores: vocês se lembram por que, diabos, o Brasil defendeu Fujimori
no caos eleitoral peruano, as soberanias chilena no caso Pinochet
e colombiana no caso das drogas?
Vou ajudar-lhes: segundo o Itamaraty, para fortalecer nossa liderança
na América do Sul e impedir uma interferência indevida dos norte-americanos
no nosso quintal.
Pois bem. Recapitulemos: Fujimori, apesar do cacife que Fernando
Henrique Cardoso tentou lhe dar, fugiu com o rabo entre as pernas
e está morando num hotel de Tóquio.
O Chile, muito agradecido com o Brasil, meteu um punhal em nossas
costas (nas palavras do ministro Felipe Lampreia) ao negociar um
acordo de livre comércio com os EUA.
A Colômbia, feliz da vida com a ajuda norte-americana, diz, sempre
que pode, que o Brasil só atrapalha.
Será que erramos? Acho que sim, e feio. Vou tentar ser moderado.
Sob o ponto de vista teórico, concordo com o governo brasileiro.
Não acho que a integração comercial hemisférica nem a ajuda militar
dos EUA sejam necessariamente saudáveis nem que tenhamos de nos
ajoelhar para a Casa Branca.
No entanto, não nos preparamos para a guerra de guerrilha que seria
necessária para vencer os EUA no xadrez hemisférico. O governo de
FHC achou que o Brasil, só por seus belos olhos, lideraria uma reação
do Sul contra os gringos. E que Chile, Colômbia, Peru e Argentina
ficariam eternamente gratos pelas nossas posições antiintervencionistas.
Os EUA conseguiram isolar o Brasil. E nos humilhar. O próximo passo
dos EUA será, certamente, inviabilizar o Mercosul, instigando a
Argentina contra o Brasil.
Aprendemos uma lição.
Leia
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27/11/2000
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20/11/2000 - A solidão do grande
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mas, se tiver, a culpa é do Bresser"
06/11/2000 - Porque os eleitores dos
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