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27 de dezembro
  Política, economia e nuvens
  "Nova Economia", impressionantes saltos tecnológicos, brutal aumento da produtividade, ao menos na economia norte-americana, instrumentos de medição cada vez mais aperfeiçoados. Nem com tudo isso junto, os mortais são hoje mais capazes do que ontem para fazer previsões e, por exemplo, dizer se vai ou não haver uma crise mais forte na economia dos Estados Unidos e, por extensão, no resto do planeta.

O mundo vai entrar no século 21 dependendo, pelo menos nesse aspecto, de palpites tão bons ou tão ruins como os do século 20 e até do 19.

Nas publicações planetárias que lidam com economia, como o "Financial Times", a revista "The Economist" ou "The Wall Street Journal", assim como nas seções econômicas dos jornais de interesse geral, para cada gênio que prevê um pouso acidentado da economia norte-americano, há outro gênio que jura que o pouso será suave.

Não faz tanto tempo assim, havia gênios garantindo que nem sequer haveria pouso, no pressuposto de que a águia norte-americana voaria para sempre na mesma altura gloriosa que alcançou no início deste ano.

Pior: os indicadores econômicos não ajudam a decifrar o enigma. Na terça-feira, por exemplo, saiu o índice de confiança do consumidor para o início de dezembro, registrando uma queda para o patamar em que estava na época do mais recente susto global (a moratória da Rússia, em meados de 1998). Mas saíram, igualmente, índices que apontam para uma economia ainda robusta e consumidores ainda mais dispostos a gastar que a economizar.

Parece uma história sempre lembrada por Tancredo Neves: política é como nuvem. Num momento, você olha e está de um jeito; no momento seguinte, você torna a olhar, e o jeito já mudou.

Política é, sabidamente, uma arte incerta, subjetiva, sujeita a mil e uma interpretações.

Muita gente pretendeu fazer da economia uma ciência exata, que obedece, sempre, aos mesmos parâmetros. Nem na velha nem na nova economia, há qualquer indicação de ciência. Os humores humanos, no fundo, é que determinam boa parte dos ciclos, para o bem ou mal. Ainda bem. É sempre melhor depender dos humanos, ainda que instáveis e voláteis, do que dos bruxos que lêem sinais econômicos como se tivessem recebido pessoal e intransferivelmente as tábuas da lei.


Leia colunas anteriores:
20/12/2000 - O que é bom para os EUA...
13/12/2000 - As donas do mundo
06/12/2000 - Previsões, ora as previsões
29/11/2000 - Cenas explícitas do ovo da serpente
22/11/2000 - Cada vez mais cruel

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