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13 de dezembro
  As donas do mundo
  Recente relatório da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, comandada pelo brasileiro Rubens Ricupero) batiza como as novas "donas do mundo" as grandes corporações transnacionais que estão comprando empresas a uma velocidade alucinante.

Encabeçado pela General Electric (EUA), um grupo de cem corporações já tem ativos no valor total de US$ 2 trilhões no exterior, emprega mais de 6 milhões de pessoas fora de suas fronteiras e vende, só fora do país-sede, algo em torno de US$ 2 trilhões.

Para comparação: a economia brasileira todinha não vale mais que uns US$ 630 bilhões, o que significa dizer que esse grupo de 100 mega-empresas representa uns três "brasis".

Parece ser a comprovação prática do título de um livro recente, "One Market Under God: Extreme Capitalism, Market Populism and the End of Economic Democracy", de Thomas Frank, resenhado na terça-feira pelo jornal britânico "Financial Times".

O longo título quer dizer "Um mercado sob Deus: capitalismo extremo, populismo de mercado e o fim da democracia econômica".

O título já mostra que se trata de um livro contra-corrente.

Diz Frank, no que combina à perfeição com o relatório da Unctad, que "as corporações se transformaram na instituição mais poderosa da Terra". O "populismo de mercado", diz ainda, "saúda a possibilidade de escolha, enquanto nos ensina que o triunfo dos mercados é inevitável".

O que fez o "Financial Times" revisitar o livro iconoclasta é o fato que ele, nove meses atrás, já dizia que a bolha especulativa da chamada "nova economia" estouraria mais cedo que tarde, e o preço das ações cairia uns 70% (já caiu 50%).

Como tudo no Brasil chega tarde, boa parte do país ainda está no período de adoração incondicional do populismo de mercado e se ajoelha diante das corporações, as "donas do mundo". Depois pode ser tarde para construir um país com outros donos e outras adorações.






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