Descrição de chapéu Deixa que eu leio sozinho

Ana via Madalena levar o memorável anel à dama Ivana

Sim, você leu certo este título e ele não parece fazer sentido, mas siga para o texto abaixo e você vai entender tudo

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São Paulo

Todo mundo sabe que bola, carrinho e boneca são bons brinquedos, mas você já ouviu dizer que também dá para brincar com as palavras e se divertir igual? Experimente escrever “ovo” em um papel e ler em voz alta —você falou “ovo”, certo? Agora, leia de trás para frente —ficou “ovo” de novo!

Pois não é só com o universo das galinhas que esse tipo de coisa acontece. No dicionário, existem dezenas de palavras, com dezenas de significados, e que, quando lidas no sentido contrário (ou seja, da direita para a esquerda), têm o mesmo som de quando lidas do jeito com que estamos acostumados. São os chamados palíndromos.

Ilustração de Bruna Lubambo para livro 'O Tio + Oito', de Caio Zerbini, sobre palíndromos - Divulgação

E é legal saber também que palíndromos podem ser, ainda, frases inteiras e até mesmo números —a única exigência é esta, de que tudo fique igualzinho, não importa de que forma a gente leia (agora volte lá no título deste texto e repare como ele é um palíndromo).

“Não sei por que os palíndromos chamam palíndromos, mas de fato é uma palavra engraçada e comprida. Já quebrei a cabeça tentando fazer um palíndromo usando ‘palíndromo’, mas nunca consegui”, conta o escritor Caio Zerbini, autor do livro “O Tio + Oito”, da editora Caixote (R$ 48, 48 páginas).

Se você prestar atenção, o próprio nome da obra de Caio é um palíndromo. E isso porque a história que ele conta ali fala exatamente sobre isso. Na trama, o personagem Tio Pedro fala sobre como conheceu e se apaixonou pelos palíndromos.

Primeiro, ele era um bebê que fazia tudo ao contrário: a fralda ele usava como chapéu, e, no travesseiro, ele punha os pés e não a cabeça. Daí, quando aprendeu as palavras, invertia tudo como diversão. E, um belo dia, se deu conta de que o nome da irmãzinha, Ana, ficava igual se lido daqui pra lá, ou de lá pra cá.

Entre os palíndromos que Tio Pedro ensina no livro estão “O namoro romano”, “Luz, ar, amo o mar azul”, “O galo nada no lago” e “É a mamada da mamãe” (sim, os palíndromos não “respeitam” os acentos, é preciso lê-los ignorando essa parte).

Uma das ilustrações de 'O Tio + Oito', de Caio Zerbini, com desenhos de Bruna Lubambo - Divulgação

“O primeiro palíndromo que fiz, pelo menos de que tenho lembrança, é ‘sapos são boas sopas’”, lembra Caio, o autor do livro em que Tio Pedro é a grande estrela.

“É difícil escolher um que tenha me deixado mais orgulhoso, mas um dos que mais gosto é ‘oras, sapo, ame a arara, a ema, o pássaro’, que está no livro. Acho bonito e poético.”

Caio diz que, depois que aprendeu a fazer palíndromos e tomou gosto pelo negócio, vive “caçando” palíndromos nas coisas que lê.

“Quando me perguntam como faço os palíndromos, costumo dizer que não há um método didático ou uma cartilha para criá-los, pelo menos não que eu conheça. Acho que o principal é ter curiosidade e paciência. Quando você começa a criar, passa a ter o hábito de tentar ler as palavras ao contrário, a encaixar uma na outra”, ensina.

Uma boa dica que ele dá é ter um caderninho ou um documento no computador onde os iniciantes na arte dos palíndromos anotem ideias que vão surgindo, para avaliar se elas podem virar palíndromos no futuro.

“Com dedicação, naturalmente os palíndromos começam a aparecer. É um exercício muito bacana. Ainda que, a princípio, um conjunto de palavras não forme um palíndromo redondo, mais para frente, essa ideia pode se encaixar com outras”, explica Caio.

No caderninho dele, há anotações como “...ale na janela...”, “ame, nic... cinema”. “São ideias com potencial de palíndromo, ou, como costumo chamá-las, ‘palíndromos em construção’.”


Dicas para ficar craque em palíndromos

  • Sempre que lembrar, leia as palavras ao contrário. Os palíndromos estão nos lugares que você menos imagina (exemplos de palíndromos: reviver, eu que, o casaco, parece rap...)
  • Não é regra, mas as palavras que não têm consoantes seguidas costumam funcionar melhor para palíndromos.
  • Aproveitar palavras que tenham pequenos palíndromos em seus começos ou términos para ser os ‘miolos’ de frases palíndromas. Exemplos: ‘rabada’, ‘amar’, ‘macaca’.
  • Usar palavras palíndromas para ser o miolo de frases palíndromas. Exemplos: ‘ovo’, ‘arara’, ‘asa’.
  • Uma dica boa: Muitas vezes, tudo que você precisa para formar um palíndromo é um artigo. Exemplo: ‘o casaco’, ‘o mínimo’.
  • Atentar a palavras que são o contrário de outras para ser o começo e o fim de uma frase palíndroma: Exemplo: ‘assim’ e ‘missa’.

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