Antes da Nutella, pessoas comiam creme de avelã caseiro, diz pesquisador

'Febre' envolvendo o ingrediente vem por praticidade e substituiu as antigas compotas de fruta e derivados de coco

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São Paulo

Nesta segunda-feira (5) se comemora o Dia da Nutella, o famoso creme de avelãs que faz parte da receita de muitas sobremesas disponíveis em docerias brasileiras. O produto nasceu em 1964, adaptado de uma outra pasta doce inventada logo depois da Segunda Guerra Mundial, o Giandujot.

Cookie de Nutella do A Caixa de Cookie
Cookies recheados com Nutella - Divulgação

No Brasil, ela só foi chegar em 1997. Até lá, as avelãs eram um ingrediente guardado para ocasiões especiais, especialmente no Natal.

"A avelã era um fruto dessa época, e as pessoas faziam um creme de avelã caseiro, que é basicamente a mistura de avelã, açúcar e chocolate. Ou seja, uma Nutella. A Nutella é a cópia industrial desse creme caseiro", explica Carlos Alberto Dória, doutor em sociologia pela Unicamp e pesquisador da história da comida brasileira.

Ele conta que, antes de a Nutella chegar e dominar as coisas, as cozinheiras e cozinheiros caprichavam na criatividade. "Antigamente as pessoas faziam doces, especialmente bolos, com várias farinhas, ovo, leite etc. Também faziam compotas de fruta e derivados de coco, como as cocadas. Essa era a base da doçaria, e esses eram os ingredientes populares", afirma.

E claro que comer (e adorar) coisas com chocolate não é nenhuma novidade moderna, então também havia os bolos deste sabor. "E em um certo momento também aparece o brigadeiro", completa Carlos Alberto.

O pesquisador acredita que, com o tempo, as docerias passaram a colocar Nutella em muitas de suas receitas porque ela facilitava as coisas. "Como vários produtos da indústria, ela se torna popular porque é simples de usar, já está pronta, e você que está cozinhando em casa não tem que elaborar quase nada", afirma.

"Se nós olharmos nos Estados Unidos, acontece a mesma coisa. Só que em vez de ser um creme de avelã com chocolate é um creme de amendoim. E lá as pessoas passam amendoim em tudo", diz Carlos Alberto. "A tendência dos cremes é recente e a indústria se desenvolveu muito nessa direção."

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um adulto não deveria ingerir mais do que cinco a dez colheres de chá de açúcar diárias, e no caso das crianças a recomendação é comer ainda menos que isso. E vale lembrar que não é só o açúcar que a gente coloca nos alimentos que conta, mas também aquele que já vem adicionado nos produtos.

Uma colher de sopa de Nutella, por exemplo, tem 10 gramas de açúcar adicionados e 6,2 gramas de gordura. O consumo excessivo desses nutrientes está diretamente ligado a doenças, entre elas a obesidade e o diabetes. Ou seja: o ideal é pegar leve na ingestão deste tipo de produto.

"A Nutella não é ruim porque tem avelã, porque tem chocolate ou porque tem açúcar, mas é porque tem muito açúcar e tem conservantes, aromatizantes e uma série de ingredientes químicos que não fazem bem à saúde", afirma Carlos Alberto. "Neste ponto, a pasta de avelã com chocolate feita em casa seria bastante superior à vendida no mercado."

As frutas são uma alternativa saudável de sobremesa, e altamente recomendadas pela OMS. A tabela da organização sugere assim: crianças de 2 a 5 anos devem ingerir ao menos 250 gramas por dia deste alimento; entre 6 e 9 anos, o ideal são 350 gramas; e acima dos 10 anos se deve comer ao menos 400 gramas de frutas todos os dias.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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