São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999



Hilton quer hotel lunar


SYLVIA COLOMBO
de Londres

Os hotéis cinco estrelas voltaram suas atenções para a Lua. A rede Hilton, ao lado de três empresas japonesas, já começou a desenvolver um projeto para construir hotéis lunares e lançar de vez a onda do turismo espacial.
Fotos Nasa
O astronauta David Scott (de capacete vermelho) no vôo da Apollo 9, em 1969; nas fotos seguintes, flagrantes do passeio de 23 minutos de Edward White na missão Gemini 4 (1965)

Em março do ano 2000, a Nasa irá promover um encontro internacional para que grupos hoteleiros apresentem seus projetos para a Lua. O evento, que ocorrerá em Albuquerque, no Novo México (EUA), também discutirá a ocupação humana do satélite e, num futuro mais distante, de Marte.
O projeto do Lunar Hilton está sendo desenvolvido pelo arquiteto britânico Peter Inston, que chefia uma equipe de arquitetos que estão trabalhando sob a orientação de especialistas da Nasa.
Segundo as informações divulgadas pela sua empresa, a Inston Design International (IDI), esse hotel teria 5 mil quartos e seria equipado por dois grandes painéis para captação de energia solar. Uma praia particular e um “mar artificial” também estão sendo projetados. Os idealizadores consideram a hipótese de utilizar o gelo do subsolo lunar para criar esse “oceano”.
O edifício teria 99 metros de altura. Um anexo abrigaria um centro comercial com restaurantes, um pequeno hospital, além de igreja, escola e creche.
Os interiores seriam pressurizados. Cada hóspede teria de usar sapatos com sola magnética para poder caminhar pela superfície. O prédio seria recoberto por um teto resistente ao calor, para proteger a construção dos raios do sol.
“Acho que o turismo lunar vai ser o grande negócio do próximo milênio, e não creio que será tão inacessível, pois, com outras empresas também se estabelecendo lá, vai haver competitividade”, disse Maria Richardson, da IDI.
Há um plano ainda mais ousado, da companhia japonesa Obayashi, de criar uma vila lunar para 10 mil pessoas.
Para o professor de astronomia da Universidade de Cambridge, Martin Rees, a idéia de hotéis e habitações na Lua é pouco realista. “Seria preciso baratear muito os custos com o transporte da infra-estrutura”, disse à Folha.
“Para explorar a água que existe no subsolo da Lua terá de ser feito um empreendimento financeiro enorme. Imagine levar máquinas e materiais de construção e, depois, transportar mantimentos com regularidade. É praticamente inviável. É preciso transportar tudo o que viabiliza a vida na Terra para a Lua, e não é pouco.”

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