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"O Engenheiro-chefe"
Um intelectual e um hábil artesão. Muitas vezes, enquanto
o observava trabalhando, eu me surpreendi pensando que ele parecia ser de
outro planeta, uma personagem de sonho, dizia Anatoly Abramov, um
dos principais assistentes de Sergei Pavlovich Korolev (pronuncia-se Karalióv),
o misterioso pai do programa espacial soviético.
A identidade de Korolev foi um dos mais bem guardados segredos da URSS na
Guerra Fria, não sem motivo: segundo James Harford, diretor-executivo
emérito do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica,
Korolev dominou todo o programa espacial soviético. Seus feitos
são equiparáveis aos de dezenas de companhias, centros e cientistas
da Nasa juntos.
Fascinado por aviação desde os tempos de infância, na
Ucrânia (onde nasceu, em 12 de janeiro de 1907), Korolev formou-se
em Engenharia Aeronáutica no Instituto Bauman de Tecnologia Avançada,
em Moscou, e passou a integrar a equipe do legendário construtor
de aviões Andrey Tupolev.
Em 1931, foi co-fundador de um grupo de cientistas que se dedicava a projetar
foguetes movidos a combustível líquido. Em 1933, fez o primeiro
lançamento bem sucedido de um foguete, tornando-se protegido
do general Mikhail Tukhachevsky. Em 1937, Tukhachevsky foi preso e executado
por Josef Stalin, sob a acusação de ter colaborado com
o nazismo. Em 1938, Korolev foi detido, torturado e sentenciado a
dez anos de prisão no campo de Kolyma, na Sibéria, onde os
presos eram obrigados a escavar ouro.
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Nos anos 30,
Korolev (ao centro) testa carro com turbina |
Em 1939, foi transferido para uma prisão especial para onde eram
encaminhados cientistas que trabalhavam em projetos do Estado. Reabilitado
ao término da Segunda Guerra, Korolev foi enviado à Alemanha
para obter informações sobre os foguetes V-2. Nos anos 50,
ele criou e dirigiu o programa soviético de foguetes espaciais, mísseis
balísticos e satélites.
Korolev morreu em 14 de janeiro de 1966, aos 59 anos, de tumor canceroso
no cólon. Seu obituário, publicado pelo jornal Pravda
um dia depois, foi o primeiro reconhecimento público da identidade
do engenheiro-chefe. |