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FILMES, LIVROS E DISCOS
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O.J. Simpson
é astronauta em "Capricórnio Um"
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Depois de brilhar em um dos clássicos do nascimento do cinema,
Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune, 1903),
de George Méliès, a Lua foi cenário para muitas produções,
principalmente filmes B de ficção científica dos anos
50. Em meio a muitas Luas habitadas por mulheres guerreiras, ciclopes ou
lagartos gigantes, surgiu em 1950 uma pérola de baixo orçamento,
Destino: Lua (Destination Moon), com roteiro do
consagrado escritor Robert A. Heinlein. O filme respeitou os conceitos científicos
vigentes e acabou inspirando uma geração de futuros astronautas.
Em 1967, quando a corrida espacial estava no auge e até México
e Itália despejavam produções do gênero, Stanley
Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke injetaram questionamentos filosóficos
e religiosos em 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001:
A Space Odissey, 1968). Mas a chegada do homem à Lua foi um
golpe mortal no cinema de ficção científica. Os bons
filmes sobre o tema se resumem a dramatizações de episódios
reais da corrida espacial, como Os Eleitos (The Right
Stuff, 1983), de Philip Kaufman, que mostra os pilotos de aviões
a jato selecionados para o projeto Mercury; Apollo 13 (1995),
de Ron Howard, no qual Tom Hanks interpreta Jim Lovell, comandante da nave
que não conseguiu pousar na Lua por problemas técnicos; e
Da Terra à Lua (From Earth to Moon), minissérie
em 12 episódios produzida pelo mesmo Tom Hanks para a emissora de
TV paga HBO. Além dos documentários, vale destacar o tom de
conspiração de Capricórnio Um (Capricorn
One, 1978), de Peter Hyams. No filme, um jornalista descobre que o
governo americano está simulando com imagens de estúdio uma
missão espacial, abortada por uma falha técnica que a Nasa
não quer assumir. O filme é marcante pelo roteiro inteligente
e pela presença no elenco do polêmico ex-jogador de futebol
americano O.J. Simpson.
Em 1865, o francês Jules Verne lançou o livro Da
Terra à Lua, um romance de aventura em que três homens
são lançados de um canhão gigantesco e chegam ao solo
lunar. Fantasias tão delirantes reinaram nos folhetins até
a metade deste século, quando, notadamente nos anos 30 e 40, nomes
como Robert A. Heinlein, norte-americano, e Arthur C. Clarke, britânico,
mudaram o gênero, colocando mais ciência na ficção.
Autor do aclamado Um Estranho numa Terra Estranha, Heinlein
tratou das viagens à Lua em pelo menos oito de seus livros. Clarke,
escritor guiado pelo rigor científico, publicou dezenas de obras,
mas ficou definitivamente ligado ao cinema com o sucesso mundial de 2001:
Uma Odisséia no Espaço. Depois de 1969, a literatura
"lunar" ficou praticamente restrita ao caráter documental,
mas reluz como obra literária de força Os Eleitos,
de Tom Wolfe, sobre as pressões sofridas pelos primeiros reais candidatos
a astronauta.
A música pop deu pouca atenção à conquista
da Lua, tratando o satélite como um simples adereço de cenário
romântico, mas há exceções, desde um delírio
inspirado por viagens interplanetárias como Across the Universe
(70), dos Beatles, a American Tune (73), de Paul Simon, uma
reflexão contundente do efeito da conquista da Lua na sociedade.
Mas os clássicos imbatíveis foram perpetrados por David Bowie
e o Police. Em Space Oddity, single lançado no mesmo
mês em que o homem pousou na Lua, Bowie criou o Major Tom, melancólico
astronauta que fica em órbita até enlouquecer. Nos anos seguintes,
a idéia de que os astronautas retornavam do espaço meio loucos
deu a Bowie uma aura de visionário. Em Walking on the Moon,
que o Police lançou em 1979, Sting toca apenas três notas no
baixo, repetidas vezes, para criar um clima rarefeito, "sem gravidade.
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