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Grammy da pandemia, alvo de críticas e sem plateia, agora promete mudanças

Edição de 2021 da premiação, que acontece na noite deste domingo, tem troca de comando e deve consagrar mulheres

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Montagem com imagens de Billie Eilish, Dua Lipa, Megan Thee Stallion e Beyoncé, algumas das favoritas ao Grammy de 2021 Edson Sales/Folhapress

São Paulo

O Grammy de 2021, que acontece na noite de domingo, deve ser um dos mais imprevisíveis dos últimos anos. Marcada antes para o dia 31 de janeiro, a edição pandêmica da premiação foi adiada às vésperas e agora quer refletir as mudanças pelas quais a indústria da música vem
passando nos últimos tempos.

Pouco foi divulgado sobre a cerimônia, que deve durar três horas e meia, e acontece num espaço não revelado em Los Angeles —o Grammy costuma ocupar o ginásio Staples Center. Segundo a revista Rolling Stone, os shows vão acontecer numa estrutura com diversos palcos, sem plateia e “destacando os triunfos criativos do ano, os movimentos por justiça social e os impactos da Covid-19 nas artes”.

A cerimônia tem apresentação do comediante Trevor Noah e os prêmios devem ser entregues por funcionários de lojas de discos independentes que foram afetadas financeiramente pela pandemia. Eles vão falar de vários lugares espalhados pelos Estados Unidos.

Mesmo sem público, diversas performances são esperadas, como as de Harry Styles, Taylor Swift, Cardi B, Billie Eilish, DaBaby, Megan Thee Stallion, Doja Cat, Brittany Howard, Post Malone e Haim, entre outros. Nomes menos prováveis, o porto-riquenho Bad Bunny e os sul-coreanos do BTS também vão se apresentar.

Beyoncé é a artista com mais indicações, um total de nove, mas isso não significa que ela vá empilhar gramofones. Isso porque a cantora é historicamente uma das mais indicadas ao Grammy —são 79 menções, atrás apenas de seu marido Jay-Z e Quincy Jones, com 80, mas levou para casa só 24 troféus. Desses, só um foi numa das quatro principais categorias, em 2009, com “Single Ladies (Put a Ring on It)”.

“Black Parade”, música dela de maior destaque nesta edição, é um hino do Black Lives Matter, e apesar de não ter o apelo de outros hits da cantora pode render prêmios se a Academia de Gravação entender a canção no contexto de um momento histórico.

Mas, mesmo que Beyoncé não triunfe, é provável que uma mulher novamente saia como a grande vencedora da noite. Dua Lipa, com seu disco-pop-retrô, e Taylor Swift, em incursão folk-indie, têm seis indicações cada uma, e podem sair de mãos cheias.

Nas categorias de rock e música alternativa, Fiona Applequeridinha da crítica em 2020— surge como favorita, mas nomes como Phoebe Bridgers —indicada como artista revelação, apesar de já lançar discos há quatro anos— e Haim podem surpreender. Isso sem falar em Megan Thee Stallion, Doja Cat ou até Billie Eilish, que podem ganhar nas grandes categorias.

Essa percepção é reforçada pela ausência de The Weeknd, que fez um disco bem-sucedido em vendas e de crítica. O artista canadense, do hit “Blinding Lights”, foi ignorado pela premiação em todas as 84 categorias do Grammy.

Harry Styles, que teve o hit “Watermelon Sugar”, aparece só em duas categorias, e Justin Bieber, com o insosso “Changes”, dificilmente vai ganhar alguma coisa. Nomes do rap como Post Malone, Roddy Ricch e DaBaby podem equilibrar a balança, bem como uma improvável vitória de Coldplay ou Black Pumas em disco do ano.

Em 2020, ano de consagração de Billie Eilish, o Grammy fez um esforço visível para se renovar. Teve como destaques, além da cantora de 19 anos, nomes como Lil Nas X e Lizzo.

Essas mudanças foram resultado dos esforços de Deborah Dugan, que entre o fim de 2019 e o começo de 2020 assumiu e foi retirada da presidência da Academia de Gravação. Ela saiu do cargo dez dias antes da cerimônia de 2020, dizendo ter sido retaliada por revelar escândalos de abuso sexual, irregularidades na votação e conflitos de interesses.

Harvey Mason Jr. é o atual presidente da Academia. Ken Ehrlich, que produziu o Grammy por quatro décadas, abriu mão da posição, e o novo comandante da cerimônia, Ben Winston, promete uma revolução em seu primeiro ano.

Mas a tarefa não é simples. Há anos alguns dos principais artistas americanos vêm criticando o Grammy por uma desconexão com o que é produzido na música contemporânea. O maior protesto veio dos artistas de hip-hop, com boicotes sonoros de Drake, Childish Gambino e Kendrick Lamar.

No ano passado, Tyler the Creator ganhou em disco de rap e verbalizou uma crítica antiga, de que artistas negros são encaixados sem critério em categorias menores e genéricas. A organização então extinguiu o termo “urbano”, o que Mason Jr. chamou de “novo capítulo em nossa história”.

Os ataques ao Grammy, nos últimos anos, viraram rotina, e agora as maiores reclamações são referentes à ausência de The Weeknd. Além do próprio esnobado, nomes como Nicki Minaj, Elton John, Zayn e Halsey fizeram críticas duras à premiação deste ano.

Drake disse que “deveríamos parar de nos chocar todo ano pela desconexão entre as músicas que nos impactaram e esses prêmios e apenas aceitar que o que uma vez foi a maior forma de reconhecimento talvez não tenha mais importância para os artistas de agora e os que virão depois”.

Além disso, três dos cinco indicados a melhor álbum infantil recusaram suas nomeações em protesto pela ausência de negros na categoria.

Até Fiona Apple disse considerar um boicote pela indicação do produtor Dr. Luke, acusado por Kesha de assédio sexual —o que ele nega— em caso famoso na indústria fonográfica. Luke assina “Say So”, música de Doja Cat que concorre a dois prêmios, sob o pseudônimo Tyson Trax.

A premiação também luta contra as baixas audiências. No ano passado, a transmissão no canal americano CBS foi vista por 18,7 milhões de pessoas, o menor número em 12 anos.

O Grammy enfrenta não só uma pandemia que impossibilita a presença de astros bem vestidos e performances com público, mas também as desconfianças. A cerimônia de 2021 pode indicar uma virada, mas pode também afundar uma premiação que gradativamente vem perdendo a relevância com público e, principalmente, com os artistas.

63º Grammy

  • Quando Domingo (14), a partir das 21h
  • Onde canal TNT

Veja a lista com os principais indicados

Gravação do ano
​'Black Parade,' de Beyoncé
'Colors', de Black Pumas
'Rockstar', de DaBaby com Roddy Ricch
'Say So', de Doja Cat
'Everything I Wanted', de Billie Eilish
'Don’t Start Now', de Dua Lipa
'Circles', de Post Malone
'Savage', de Megan Thee Stallion

Disco do ano
'Chilombo', de Jhené Aiko
'Black Pumas', de Black Pumas
'Everyday Life', de Coldplay
'Djesse Vol. 3', de Jacob Collier
'Women in Music Pt. III', de Haim
'Future Nostalgia', de Dua Lipa
'Hollywood’s Bleeding', de Post Malone
'Folklore', de Taylor Swift

Música do ano
'Black Parade', de Beyoncé
'The Box', de Roddy Ricch
'Cardigan', de Taylor Swift
'Circles', de Post Malone
'Don’t Start Now', de Dua Lipa
'Everything I Wanted', de Billie Eilish
'I Can’t Breathe', de H.E.R.
'If the World Was Ending', de JP Saxe com Julia Michaels

Artista revelação
Ingrid Andress
Phoebe Bridgers
Chika
Noah Cyrus
D Smoke
Doja Cat
Kaytranada
Megan Thee Stallion

Melhor álbum de rock
'The New Abnormal', de The Strokes
'Sound & Fury', de Sturgill Simpson
'Daylight', de Grace Potter
'A Hero's Death', de Fontaines D.C.
'Kiwanuka', de Michael Kiwanuka

Melhor performance de rock
Fiona Apple, por 'Shameika'
Phoebe Bridgers, por 'Kyoto'
Haim, por 'The Steps'
Brittany Howard, por 'Stay High'
Grace Potter, por 'Daylight'
Big Thief, por 'Not'

Melhor música de rock
'Kyoto', de Phoebe Bridgers
'Not', de Big Thief
'Lost in Yesterday', de Tame Impala
'Stay High', de Brittany Howard

Melhor álbum de música alternativa
'Fetch the Bolt Cutters', de Fiona Apple
'Punisher', de Phoebe Bridgers
'Hyperspace', de Beck
'Jaime', de Brittany Howard
'The Slow Rush', de Tame Impala

Melhor álbum latino ou urbano
'YHLQMDLG', de Bad Bunny
'Pausa', de Ricky Martin
'3:33', de Debi Nova
'Mesa para Dos', de Kany García
'Por Primera Vez', de Camilo

Melhor álbum de R&B progressivo
'Ungodly Hour', de Chloe X Halle
'CHILOMBO', de Jhene Aiko
'Free Nationals', de Free Nationals
'F*** Yo Feelings', de Robert Glasper
'It Is What It Is', de Thundercat

Melhor álbum de R&B
'Take Time', de Giveon
'Happy 2 Be Here', de Ant Clemons
'To Feel Love/d', de Luke James
'Bigger Love', de John Legend
'All Rise', de Gregory Porter

Melhor música de R&B
'Better Than I Imagine', de Robert Glasper com H.E.R. e Meshell Ndegeocello
'Black Parade', de Beyoncé
'Collide', de Tiana Major9 e Earthgang
'Do It', de Chloe X Halle
'Slow Down', de Skip Marley com H.E.R.

Melhor álbum de rap
'Black Habits', de D Smoke
'Alfredo', de Freddie Gibbs & The Alchemist
'A Written Testimony', de Jay Electronica
'King’s Disease', de Nas
'The Allegory Royce', de Da 5’9″

Melhor música de rap
'The Box', de Roddy Ricch
'The Bigger Picture', de Lil Baby
'Laugh Now, Cry Later', de Drake com Lil Durk
'Rockstar', de DaBaby com Roddy Ricch
'Savage', de Megan Thee Stallion com Beyoncé

Melhor performance de rap
'Deep Reverence', de Big Sean com Nipsey Hussle
'Bop', de DaBaby
'What’s Poppin', de Jack Harlow
'The Bigger Picture', de Lil Baby
'Savage', de Megan Thee Stallion com Beyoncé
'Dior', de Pop Smoke

Melhor performance pop solo
'Yummy', de Justin Bieber
'Say So', de Doja Cat
'Everything I Wanted', de Billie Eilish
'Don’t Start Now', de Dua Lipa
'Watermelon Sugar', de Harry Styles
'Cardigan', de Taylor Swift

Melhor performance de grupo ou duo pop
'Un Día (One Day)', de J Balvin, Dua Lipa, Bad Bunny e Tainy
'Intentions', de Justin Bieber com Quavo
'Dynamite', de BTS
'Rain on Me', de Lady Gaga com Ariana Grande
'Exile', de Taylor Swift com Bon Iver

Melhor disco de pop vocal
'Changes', de Justin Bieber
'Chromatica', de Lady Gaga
'Future Nostalgia', de Dua Lipa
'Fine Line', de Harry Styles
'Folklore', de Taylor Swift

Melhor performance de metal
'Bum-Rush', de Body Count
'Underneath', de Code Orange
'The In-Between', de In the Moment
'Bloodmoney', de Poppy
'Executioner’s Tax (Swing of the Axe) - Live', de Power Trip

Produtor do ano
Jack Antonoff
Dan Auerbach
Dave Cobb
Flying Lotus
Andrew Watt

Melhor álbum de jazz instrumental
'On the Tender Spot of Every Calloused Moment', de Ambrose Akinmusire
'Waiting Game', de Terri Lyne Carrington e Social Science
'Happening: Live at the Village Vanguard', de Gerald Clayton
'Trilogy 2', de Chick Corea, Christian McBride & Brian Blade
'Roudagain', de Joshua Redman, Brad Mehldau, Christian McBride & Brian Blade

Melhor filme musical
'Beastie Boys Story', de Beastie Boys
'Black Is King', de Beyoncé
'We Are Freestyle Love Supreme', de Freestyle Love Supreme
'Linda Ronstadt: The Sound of My Voice', de Linda Ronstadt
'That Little Ol’ Band From Texas', de ZZ Top

Melhor álbum de música global
'Twice as Tall', de Burna Boy
'Amadjar', de Tinariwen
'Love Letters', de Anoushka Shankar
'Agora', de Bebel Gilberto
'Fu Chronicles', de Antibalas

Melhor álbum de jazz latino
'Tradiciones', de Afro-Peruvian Jazz Orchestra
'Four Questions', de Arturo O'Farrill & The Afro-Latin Jazz Orchestra
'City of Dreams', de Chico Pinheiro
'Viento y Tiempo - Live at Blue Note Tokyo', de Gonzalo Rubalcaba & Aymée Nuviola
'Trane’s Delight', de Poncho Sanchez

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