Descrição de chapéu Erasmo Carlos

Erasmo Carlos foi vaiado no Rock in Rio de 1985 depois de um erro de escalação

Cantor participou do dia de abertura do evento, mas encontrou público metaleiro e interessado em Whitesnake e Iron Maiden

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São Paulo

Embora seja muito lembrado pelo público como expoente do rock brasileiro, Erasmo Carlos, morto, aos 81 anos, nesta terça-feira, é dono de um marco histórico peculiar no festival que inicialmente foi dedicado ao gênero musical. Ele foi vaiado na inauguração do primeiro Rock in Rio, em 1985.

Erasmo Carlos se apresenta no Rock in Rio de 1985 - Agência O Globo

O caso se deu por um erro de programação por parte do evento. Tremendão foi escalado para participar do festival no dia 11 de janeiro, quando se apresentariam Whitesnake, Iron Maiden e Queen. Uma programação de nomes muito diferentes do seu perfil, portanto, com o dia sendo batizado posteriormente de "noite do heavy metal."

Ainda que já tivesse se superado a relação do músico com a Jovem Guarda e ele já tivesse sido alçado à justa posição de pioneiro do rock no país, o brasileiro não tinha o perfil desses grupos, o que causou estranhamento com parte do público que compareceu à antiga Cidade do Rock, na zona oeste do Rio de Janeiro.

O que aconteceu, então, foi que um grupo de pessoas começou a vaiar Erasmo enquanto estava no palco. O artista era ainda, junto de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, o último brasileiro a tocar antes dos nomes internacionais, antecedendo o Whitesnake que tinha um estilo radicalmente diferente do seu, mesmo que em tese pertencesse também ao rock.

No documentário "Erasmo 80", lançado pelo Globoplay no ano passado, o músico relembrou o caso comentando que a atmosfera era muito pesada e que ele, como outros naquela edição, ainda "estava conhecendo aquilo". "Ninguém sabia que existiam tribos [de metaleiros] naquela ocasião. Foi um erro da produção e dos artistas, de reunir todos os gostos num dia só."

Ainda no documentário, o artista ressaltava que a vaia partiu de uma parcela bem pequena do público, mais próxima do palco e, portanto, mais capaz de fazer barulho no evento.

Erasmo não foi o único brasileiro vaiado naquele ano e inclusive assumiu o palco na esteira de outra onda de hostilização do público. No horário anterior ao músico, Ney Matogrosso desagradou à turba com seu show performático, mas conseguiu superar as vaias com o instrumental. Naquele dia, Pepeu e Baby foram os únicos a passarem "ilesos" pelo palco principal.

O Tremendão teve chance de redenção naquele ano e voltou a se apresentar no último dia do festival, em companhia melhor sintonizada, como Barão Vermelho e Blitz.

Mas é claro que algumas feridas ficaram. "Rock é isso mesmo, vaia, manifestação popular. Isso que é rock. É triste", disse numa entrevista após o show.

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