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Maratone enquanto eles trabalham
Trabalho às vezes é bom, às vezes é ruim, às vezes é o que tem para hoje. Mas é também algo que ocupa um terço do nosso dia e muito da nossa energia e planejamento. É o que a gente quer ser quando crescer, como a gente se apresenta depois que cresce, de onde vêm amigos e dores de cabeça.
Trabalhar é terreno fértil para todo tipo de histórias —um grupo de pessoas obrigado a conviver por períodos estendidos de tempo é sempre uma mina de ouro para conflitos, no sentido narrativo da coisa—, por isso há tantos e tão variados filmes e séries de TV sobre trabalho.
Andy Beckett (Tom Hanks, que ganharia seu primeiro Oscar) é um advogado que processa a firma para a qual trabalhava após ser demitido —ele afirma ter sofrido discriminação por ser gay e portador do HIV. Seu defensor é Joe Miller (Denzel Washington), que, depois de uma resistência inicial, enxerga paralelos no preconceito que Andy e ele mesmo, um homem negro, sofrem e decide ajudar.
É um filme datado, é claro —quando estreou, em 1993, fazia apenas dez anos que o HIV havia sido descrito e a Aids era um problema muito mais visível. Jonathan Demme, o diretor, sensibilizado pelas críticas que recebeu por "O Silêncio dos Inocentes" (que tem um assassino que não é trans, mas que foi usado para vilanizar pessoas trans), decide, em certa medida, se retratar com a comunidade LGBTQIA+. O resultado é "Filadélfia".
Disponível em HBOMax, Star+ e ClaroTV+. 126 min.
Às vezes, logo após uma pessoa ganhar um Oscar, acontece uma espécie de repique, em que o próximo papel minimamente sério que o ator fizer ganha uma nova indicação. É exatamente esse o caso de Charlize Theron neste drama baseado em fatos reais que veio na sequência de "Monster", pelo qual ela levou a estatueta em 2004.
Josey (Theron) lidera as colegas numa ação civil contra a mina de ferro em que trabalham por abusos sexuais e morais. O caso acabou se tornando um marco na luta por direitos das mulheres e dos trabalhadores nos Estados Unidos. Frances McDormand também foi indicada ao Oscar por este filme, porque, às vezes, a maré alta levanta todos os barcos.
Disponível na HBOMax. 126 min.
"Billy Elliot", "Orgulho e Esperança" (2014)
Estes dois filmes se passam durante a greve dos mineiros de 1984-85 no Reino Unido. Em "Billy Elliot", a ação do sindicato dos mineiros, que protestavam contra o plano do governo de Margaret Thatcher que resultaria no fechamento de minas de carvão, serve como pano de fundo para a história do garoto que queria ser bailarino (Jamie Bell). Seu pai, Jackie (Gary Lewis), e seu irmão, Tony (Jamie Draven), estão em greve, e a cidade em que vivem sofre com as reverberações dos protestos, como violência, pobreza e fome.
Já "Orgulho e Esperança" trata da greve diretamente, ao contar a história do grupo Lesbians and Gays Support the Miners (lésbicas e gays apoiam os mineiros), uma organização ativista surgida em Londres que tenta contribuir com a causa sindical, mas encontra a resistência e o preconceito dos grevistas. Com George MacKay ("1917") e Andrew Scott ("Fleabag").
"Billy Elliot" está disponível para aluguel no Google Play e no iTunes (110 min.). "Orgulho e Esperança" está na Mubi e disponível para aluguel no iTunes (120 min.)
"Extra! Extra!" (1992)
Musical inspirado em fatos reais traz Christian Bale ("O Cavaleiro das Trevas") como Jack, um garoto que lidera uma greve de jovens vendedores de jornais em Nova York, em 1899. Pegos no meio de uma disputa entre os magnatas da imprensa William Randolph Hearst e Joseph Pulitzer (Robert Duvall), os vendedores —uma força de trabalho então composta quase inteiramente de menores de idade— se rebelam e reivindicam preços melhores pelos jornais.
Disponível no Disney+. 121 min.
"Revolução em Dagenham" (2010)
Nesta comédia baseada em fatos ocorridos em 1968, as costureiras da fábrica da Ford em Dagenham paralisam os trabalhos em protesto contra a disparidade salarial em relação aos trabalhadores homens. A greve levaria à criação do Equal Pay Act 1970 do Parlamento britânico, que definiu o pagamento igual por trabalho igual a homens e mulheres. O filme é estrelado por Sally Hawkins, Bob Hoskins e a atriz indicada ao Oscar deste ano Andrea Riseborough.
Disponível para aluguel no Google Play e no iTunes. 113 min.
Primeiro filme lançado pela Higher Ground, produtora de Barack e Michelle Obama, na Netflix. O documentário, ganhador do Oscar em 2020, acompanha os trabalhos na fábrica da Fuyao, uma empresa chinesa de parabrisas que ocupa uma unidade abandonada da GM em Dayton (Ohio). Com imagens filmadas dentro da fábrica americana e de uma planta chinesa, os diretores mostram os contrastes entre as culturas de trabalho dos dois países e o choque entre tradição e tecnologia.
Disponível na Netflix. 110 min.
É tido como um título menor da Pixar —não só por tratar de insetos—, mas deveria mesmo ter status de cult, pelo menos pelo elenco de vozes original: Dave Foley ("The Kids in the Hall"), Julia Louis-Dreyfus ("Seinfeld"), Richard Kind ("Um Homem Sério") e David Hyde Pierce ("Frasier"), entre outros.
Aqui, Foley é Flik, um operário do formigueiro bem intencionado, mas que mais atrapalha do que ajuda com suas ideias e invenções. Um acidente coloca toda a colônia em risco quando o vilão, o gafanhoto Hopper (Kevin Spacey), vem cobrar seu tributo na forma de comida. Flik parte em uma aventura em busca de ajuda para consertar seus erros, mas o grande plano só sai do chão quando as formigas se unem e provam que os muitos são maiores que o um.
Disponível na Disney+. 95 min.
"Sindicato de Ladrões" (1954)
Clássico ganhador de oito Oscars, o filme traz Marlon Brando como Terry, um estivador que testemunha duas mortes encomendadas por Johnny Friendly, o chefe do sindicato dos trabalhadores do cais em Hoboken, Nova Jersey. A irmã de uma das vítimas, Edie (Eva Marie Saint), apresenta Terry ao padre Barry (Karl Malden), que tenta convencê-lo a testemunhar na Justiça contra Friendly e livrar o cais do mafioso.
Disponível para aluguel no Claro Video e no iTunes. 107 min.
Transparência total: eu pretendia recomendar aqui a série "Superstore", mas ela saiu tanto da Netflix quanto do Prime Video. Recorramos então a algo completamente diferente. "Ruptura", com seu "soft sci-fi", concretiza todas as piadinhas sobre trabalhar sem precisar pensar e leva ao extremo a ideia de separar a vida profissional da pessoal.
Mark (Adam Scott), um ex-professor em depressão, aceita ter um chip implantado em seu cérebro que lhe faz esquecer do trabalho quando está fora do escritório e —o que mais lhe interessa— esquecer do mundo lá fora quando está trabalhando. Seu empregador é a misteriosa empresa Lumen, cujos segredos são abalados com a chegada de uma nova integrante à equipe de Mark, Helly (Britt Lower), que não se entende com a proposta de não saber o que faz no resto do tempo.
Disponível na AppleTV+. Uma temporada, dez episódios. A segunda temporada está garantida.
O que está chegando
As novidades nas principais plataformas de streaming
"Baby J"
John Mulaney, o ex-namorado favorito de certas partes da internet, está de volta com seu novo especial de stand-up, ao mesmo tempo mais e menos pessoal.
Disponível na Netflix. 80 min.
"Depois da Festa"
A detetive Danner (Tiffany Haddish) investiga um novo crime, desta vez após um casamento, na segunda temporada da série de Chris Miller e Phil Lord. Retornam também Sam Richardson e Zoe Chao, e Elizabeth Perkins, John Cho e Poppy Liu se juntam ao elenco.
Os dois primeiros episódios estreiam nesta sexta (28) na AppleTV+; os demais, semanalmente. 2ª temporada, 10 episódios.
Começa a sétima temporada do talk show de Gregorio Duvivier.
A partir desta sexta (28), às 23h, na HBOMax.
"Atração Fatal"
Adaptação do filme de Adrian Lyne, com Joshua Jackson (o eterno Pacey, de "Dawson’s Creek") —não só no papel que foi de Michael Douglas, mas também com seu visual—, Lizzy Caplan e Amanda Peet.
A partir de segunda (1º.mai) na Paramount+. Os dois primeiros episódios estreiam juntos e os seis seguintes, semanalmente.
"Secretária"
O filme que nos deu Maggie Gyllenhaal, sobre uma jovem secretária que desenvolve um relacionamento de controle e submissão com o chefe, um excêntrico advogado interpretado por James Spader.
Chega na segunda-feira (1º.mai) na Mubi. 107 min.
Veja antes que seja tarde
Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming
"Bingo: O Rei das Manhãs"
A biografia do ator que interpretou o palhaço Bozo, filme escolhido pelo Brasil para tentar o Oscar em 2018, deixa a HBOMax neste final de semana.
Disponível na HBOMax até domingo (30). 113 min.
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